Grupo chileno CMPC vai investir R$ 1 bi no Brasil em cinco anos
Valor EconômicoO grupo chileno CMPC, um dos maiores produtores de celulose e papel da América Latina, planeja investir R$ 1 bilhão no Brasil nos próximos cinco anos. Os desembolsos serão feitos pela CMPC Melhoramentos, fabricante de papéis tissue (que vão desde papel higiênico a toalhas de cozinha) e fraldas descartáveis, para atender à demanda doméstica crescente e alcançar a liderança nos segmentos de mercado em que ainda não é líder.
Desde a compra da Melhoramentos Papéis, em 2009, a CMPC já investiu R$ 1,1 bilhão no negócio. No Brasil, além da operação de papel tissue e fraldas, que caminha para se tornar a mais importante da área de consumo fora do Chile, o grupo é dono da Celulose Riograndense, produtora de celulose em Guaíba (RS) que foi comprada também em 2009 da antiga Aracruz (hoje Fibria), por US$ 1,43 bilhão. No ano passado, seu faturamento global chegou a US$ 4,9 bilhões.
Em entrevista ao Valor, o diretor-geral da CMPC Melhoramentos, Pedro Urrechaga, disse que os recursos serão aplicados em ampliação e modernização da capacidade produtiva em todas as linhas de negócio, no lançamento local da marca Elite, líder em tissue na América Latina, e em inovação. "Isso nos permitirá consolidar a liderança da marca Elite na região", explicou.
Hoje, a Melhoramentos tem quatro unidades produtivas no país: Recife (PE), Caieiras (SP), Mogi das Cruzes (SP) e Guaíba (RS). São duas a mais desde a compra da operação e o planejamento estratégico considera a possibilidade de instalação de novas capacidades em outras regiões. Novos mercados no Nordeste, Norte e Centro-Oeste, segundo o executivo, oferecem grande potencial de crescimento e interessam à empresa. "Já aprovamos parte interessante do plano para 2017", disse.
Um projeto de ampliação no Recife, a duplicação da capacidade produtiva de fraldas infantis e aumento na produção de tissue no segmento institucional fazem parte desse pacote. Aquisições também não estão descartadas, especialmente na área de tissue. "A indústria é bastante fragmentada. A estratégia primária é o crescimento orgânico, mas pode haver oportunidade de consolidação e estamos sempre atentos", afirmou.
Apesar de outra empresa do grupo produzir celulose de eucalipto no país, a Melhoramentos compra matéria-prima de praticamente todos os fornecedores locais, conforme as condições comerciais. "Somos empresas independentes e cada uma tem a sua estratégia", ressaltou.
O real valorizado frente ao dólar, disse Urrechaga, pressionou fortemente as margens da indústria, que não conseguiu repassar integralmente para o preço final o aumento dos custos de produção. Diante disso, centrou esforços no aumento da produtividade e conseguiu mitigar parte do impacto negativo. "A operação é sustentável no país", disse.
Na área de fraldas, a CMPC Melhoramentos é dona das marcas Babysec e Cotidian e foi apontada como uma das interessadas na divisão vendida recentemente pela Hypermarcas para a Ontex Group. Nesse segmento de negócio, o mais recente do grupo no Brasil, a meta é até triplicar o faturamento nos próximos cinco anos. No ano passado, disse o executivo, houve crescimento de "duplo dígito alto", na esteira da estratégia de buscar oferecer ao consumidor o menor preço com qualidade superior em seu segmento.
A Melhoramentos é a terceira no ranking nacional de papéis tissue, considerando-se também o segmento industrial, atrás da americana Kimberly Clark e da brasileira Santher. Especificamente no segmento institucional, porém, ocupa a primeira posição no ranking com relativo conforto em relação ao segundo colocado.
Além de ampliar a capacidade instalada, a estratégia da Melhoramentos inclui o lançamento da marca Elite no mercado brasileiro. Inicialmente, todos os produtos levarão tanto a marca Elite quanto as marcas atuais, como Dualette, Lips e Softy's. Melhoramentos é a marca da linha profissional de tissue.