04/06/10 10h50

Grupo Allianz planeja investir em geração no Brasil

Valor Econômico

A Allianz Climate Solutions (ACS) espera fechar, ainda este ano, a primeira aquisição de uma unidade de geração de energia renovável ou, pelo menos, parcerias para participar dos próximos leilões organizados pelo governo. O alvo da empresa, controlada pela seguradora alemã Allianz, é entrar no mercado brasileiro com geração de energia a partir de biomassa ou de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). O presidente da ACS, Armin Sandhövel, afirma que a preferência por estes dois tipos de fonte de energia vem da facilidade de pôr em pé um projeto sustentável num curto espaço de tempo. As dificuldades envolvidas com a construção de grandes hidrelétricas, como Belo Monte, afastam a companhia dos maiores projetos de fonte hídrica e aproxima a companhia das PCHs, devido às boas oportunidades nas parcerias com indústrias locais e na possibilidade de conexão com as linhas de transmissão. Já a biomassa, com a energia gerada a partir de matérias primas como o bagaço de cana, chamou a atenção da ACS pela "expertise" apresentada pela indústria nacional do setor, que conta com tecnologia desenvolvida no país.

"O Brasil tem muita experiência em bioenergia e não teremos de procurar por um novo negócio, com muitas barreiras ou dificuldades, porque ele já é estabelecido", destaca Sandhövel. O presidente da companhia garante que a ACS está preparada para disputar com sucesso os leilões realizados pelo governo, com projetos muito competitivos. No setor de cana, o objetivo será a geração de energia a partir do bagaço e não a produção de etanol, uma vez que a geração elétrica garante um fluxo de caixa mais estável e previsível, enquanto os preços do combustível estão sujeitos a fortes variações.

Também não estão descartados os investimentos em ativos florestais e parques eólicos nos próximos anos no país. Para Sandhövel, a aposta em florestas pode ajudar as metas de redução de emissão de carbono pelo grupo Allianz, de 20% até 2012, na comparação com os volumes emitidos em 2006. "O setor de florestas também é um ativo de classe na redução de emissões de carbono. É complicado, mas extremamente interessante por causa da quantidade de certificados que podem ser gerados."

Sandhövel diz que o principal foco para as energias renováveis estará nos países emergentes e a companhia tem como alvos o sudeste asiático e o Brasil, que foi escolhido como mercado preferencial para investimentos há dois anos, quando a ACS definia sua estratégia mundial. A escolha do mercado brasileiro - que para Sandhövel é o que, ao lado do indiano, tem as melhores condições para energia renovável entre os emergentes - tem como pilares a estabilidade econômica, o sistema regulatório e a história do uso de fontes renováveis na matriz energética. O executivo mostra especial interesse nas oportunidades abertas para o setor de geração de energia fotovoltaica, obtida com a radiação solar. Para Sandhövel, grandes parques de geração solar podem se tornar uma realidade para o Brasil no longo prazo, entre 10 e 20 anos.