20/11/10 14h25

Grandes do videogame buscam mais participação no Brasil

Folha de S. Paulo

Na equação dos executivos estrangeiros dos jogos eletrônicos, a demanda parece ter enfim vencido o desestímulo da tributação e do comércio ilegal no Brasil. Afinal, se a potência emergente representa cerca de 3% do PIB mundial e fatura um milésimo do mercado legal de videogames (aproximadamente US$ 50 milhões dos US$ 50 bilhões em aparelhos e software vendidos, segundo as estimativas do setor para o ano), há razão para falar em potencial de crescimento. Fatos como a estreia oficial da Sony no mercado de consoles brasileiro neste ano e eventos promocionais -como o lançamento local do Kinect, da Microsoft, nesta semana- confirmam a mudança de abordagem. "No último ano e meio, o Brasil está no foco de todas as grandes empresas", diz à Folha Erik Bladinieres, diretor para a América Latina da desenvolvedora Konami. Mesmo com a alta carga tributária (alíquotas de IPI e ICMS maiores que as de TV ou DVD, por exemplo), as vendas dispararam. "Nos últimos dois anos, temos triplicado anualmente o volume de games importados", declara Claudio Macedo, da distribuidora NC Games.

O México é o exemplo recorrente para os profissionais do ramo; estima-se que o mercado fature cerca de US$ 600 milhões neste ano. "O Brasil tem 250 mil unidades do Microsoft Xbox 360, importados oficialmente e ilegalmente. O México tem 1 milhão. Se tivéssemos os mesmos preços, teríamos aqui 2 milhões", estima Bertrand Chaverot, executivo da desenvolvedora Ubisoft. Essas empresas participam do Brasil Game Show, no Rio de Janeiro, onde expõem lançamentos para o público consumidor. A feira brasileira, antiga Rio Game Show, pretende atrair 20 mil pessoas e invoca o título de "maior feira de games da América do Sul". O maior evento do gênero na América Latina ainda é o Electronic Game Show, no México, que neste ano teve 35 mil visitantes. "O nível de amadurecimento do mercado brasileiro é de 20% a 30%", pondera o mexicano Bladinieres, da Konami.

No faturamento da empresa, responsável pela série "Pro Evolution Soccer" (jogo de futebol também conhecido como "Winning Eleven"), o Brasil deve assumir neste ano a liderança no mercado latino-americano, finalmente ultrapassando o México. "Creio que sejamos a primeira empresa a passar por isso, por causa do "Pro Evolution Soccer'", diz o executivo, indicando que a concorrência também espera que o Brasil ultrapasse as vendas do México em pouco tempo.