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Grandes construtoras focam seus negócios no setor de açúcar e álcool

Valor Econômico - 02/09/2008

O potencial do mercado de biocombustível está atraindo, agora, os grandes nomes da engenharia. Para aproveitar o forte movimento de expansão do setor sucroalcooleiro - com cerca de 100 novas usinas em construção, previstas para entrar em operação até 2012 - pesos pesados da construção, como Camargo Corrêa, Método Engenharia, Odebrecht e Queiroz Galvão, cavam oportunidades onde podem. Para aproveitar a brecha deixada por companhias tradicionais de bens de capital voltadas para o setor sucroalcooleiro, como Dedini, de Piracicaba (SP); Sermatec, de Sertãozinho (SP); e Renk Zanini, de Cravinhos (SP), que mal conseguem dar conta da demanda para atender essas novas unidades, com encomendas fechadas para construção de usinas para os próximos dois anos, a Método Engenharia criou uma divisão específica para gerir a construção de unidades de etanol. O objetivo é vender e fazer a gestão do projeto completo ("chave na mão"), desde a estruturação do negócio e o projeto de viabilidade até a construção civil e a compra de equipamentos. Na semana passada, a Método assinou seu primeiro contrato com a BER (Brasil Energia Renovável) para a gestão da obra de ampliação da usina de Guaricanga, em Presidente Alves (SP). O projeto terá duas fases e pode ultrapassar R$ 60 milhões (US$ 36,8 milhões). A empresa também está se especializando na construção de centrais para a geração de energia a partir do bagaço de cana. Referência no mercado internacional, a Dedini também já exporta projetos de usinas "chave na mão", mas para encomendar um projeto desse porte, os empresários têm de entrar na fila. Já com uma tradição no mercado sucroalcooleiro, a Procknor Engenharia também oferece equipamentos para o setor de açúcar e álcool. Assim como a Método, também administra novos projetos nessa área. Camargo Corrêa, Odebrecht e Queiroz Galvão ainda não se arriscaram a entrar na divisão de equipamentos para açúcar e álcool, mas encontraram um jeito de lucrar nesse setor. O braço Camargo Corrêa Investimentos e Infra-Estrutura tornou-se sócio da Petrobras e Mitsui na construção de alcoodutos, que devem ligar as principais regiões produtoras de álcool aos portos do país, informou a empresa. A Odebrecht, que atua desde 2007 como produtora de álcool, por meio de sua empresa de energia, a ETH, também vai participar das obras de construção desses dutos. A divisão de agroenergia do grupo tem duas usinas em operação e outras três em construção, com início das operações previsto para 2009, além de outros seis projetos "greenfield" (construídas a partir do zero). Também de olho no mercado de etanol, mas como produtora, a construtora Queiroz Galvão sinalizou no ano passado parceria com a trading japonesa Itochu em projetos de biocombustíveis na Bahia e Pernambuco. Além das construtoras, o setor também tem atraído multinacionais, como a americana General Electric (GE). Ela já tem uma divisão em Campinas para fabricação de turbinas. A empresa está focando essa divisão para atuar na fabricação de equipamentos de açúcar e álcool e também para co-geração de energia. A fábrica da empresa em Campinas (SP) vai se dedicar mais fortemente a esse setor.