20/05/10 11h30

Governo vai elevar previsão de alta do PIB a 5,5%

O Estado de S. Paulo

O governo deve elevar de 5,2% para apenas 5,5% a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2010. A previsão constará do relatório bimestral de avaliação de receitas e despesas previsto para ser divulgado hoje pelo Ministério do Planejamento. Segundo apurou o "Estado", a nova projeção, que já está no documento, pode eventualmente ter uma alteração para uma estimativa mais realista. Mas, segundo uma fonte, se isso ocorrer, de qualquer forma a estimativa ficará entre os 5,5% e 6% que têm sido mencionados pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. O mercado financeiro em média trabalha com crescimento superior a 6% para 2010, como mostram os dados da pesquisa Focus do Banco Central.

Segundo fontes, Mantega tem nos bastidores recomendado que seus auxiliares não alimentem o debate sobre a existência de um "superaquecimento" na economia brasileira. Ao colocar em um documento oficial uma projeção "mais conservadora" de crescimento da economia brasileira em 2010, de 5,5%, o ministro tenta sinalizar que o governo entende que a forte alta do Produto Interno Bruto nos três primeiros meses do ano não se manterá ao longo do ano. A ideia é também mostrar que o governo acredita que a política fiscal mais apertada vai surtir efeito em seu objetivo de moderar o nível de atividade econômica.

O grande objetivo da Fazenda em esfriar o debate sobre o suposto superaquecimento econômico é tentar conter o ímpeto do BC de elevar a taxa básica de juros. Mantega e sua equipe entendem que, apesar da necessidade de conter a demanda interna para evitar uma escalada inflacionária, o BC não pode "errar na mão" ao subir a Selic sob pena de colocar um freio no ânimo de investir dos empresários. Além disso, a alta dos juros tem impacto negativo nas contas públicas, já que eleva o custo da dívida.

Além da projeção de crescimento de 5,5%, o relatório de avaliação de receitas e despesas deve trazer uma elevação de 5% para 5,5% na estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o índice oficial de inflação, de 2010, e de 5,91% para 9,14% no Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna (IGP-DI), que capta também a variação dos preços no atacado.