27/05/11 11h24

Governo vai aumentar em 7% os recursos para a agricultura

Folha de S. Paulo

O governo federal oferecerá R$ 107 bilhões (US$ 66,9 bilhões) para custeio, investimento, armazenagem e comercialização de produtos agrícolas da safra 2011/12, um aumento de 7% em relação à safra anterior. As taxas de juros praticadas não devem mudar, apesar do cenário de alta para a taxa básica de juros, a Selic. "Lutamos para preservar ao máximo as taxas que temos, o que, com o aumento da inflação, é um ganho real", afirmou o ministro da Agricultura, Wagner Rossi. Para o financiamento à agricultura familiar, o governo repetirá o valor de R$ 16 bilhões (US$ 10 bilhões) do ano passado.

Além da cifra recorde para a agricultura empresarial, adiantada ontem por Rossi em São Paulo, o escopo do chamado Plano Safra está maior neste ano. Novas linhas de crédito contemplarão culturas inéditas no programa, como a cana-de-açúcar e a laranja. No setor sucroalcooleiro, o objetivo é incentivar a renovação dos canaviais, após dois anos consecutivos de queda na produtividade em um cenário de demanda crescente - tanto por álcool como pelo açúcar.

No caso da laranja, deve ser criada uma linha de crédito para armazenagem de suco, para garantir oferta para o mercado interno. "É um setor que merece atenção; queremos ampliar a presença de suco de laranja na merenda escolar", disse. Rossi disse que o ministério também pretende combater a volatilidade nos preços do suco e garantir o interesse do agricultor pela cultura. "Queremos que o produtor rural tenha um preço mínimo", afirmou Rossi, sem revelar detalhes. O plano para a citricultura, segundo o ministro, deve ser finalizado na próxima semana. O anúncio oficial do Plano Safra está previsto para a primeira quinzena de junho.

A pecuária também será contemplada com três novas linhas de crédito, destinadas a renovação de pastagens, compra e manutenção de matrizes (vacas) no pasto. Para o secretário de Política Agrícola do ministério, José Carlos Vaz, a próxima safra não deverá ter aumento significativo de área, mas a produção e a renda do agricultor continuarão em alta. A tendência é que os volumes de soja, milho e cana aumentem, estimulados pelos preços praticados. Segundo Vaz, a bovinocultura também tem um cenário favorável, e há expectativa de recuperação para aves e suínos. "Apenas o arroz precisa de uma intervenção mais estrutural", disse Vaz. O secretário considera que o apoio à comercialização, por meio dos preços mínimos, terá menor demanda neste ano, em razão dos altos preços das commodities.