16/04/12 14h08

Governo reafirma apoio à indústria

O Estado de São Paulo

Dilma e presidente do BNDES dizem que a defesa da indústria é prioridade do governo

Um dia após a Confederação Nacional da Indústria (CNI) reduzir a estimativa de crescimento da indústria para este ano, o governo federal montou ontem um discurso uníssono em defesa do setor, mas cobrou produtividade, de olho, principalmente, nos impactos sobre a inflação.

Durante cerimônia do Programa de Apoio à Competitividade da Indústria, na sede da CNI, tanto a presidente Dilma Rousseff quanto o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, reafirmaram o compromisso de dar condições para que a indústria ganhe musculatura no enfrentamento à concorrência internacionais.

"Tenho uma convicção profunda de que não há hipótese de o Brasil dar certo, não há hipótese de nós continuarmos nos desenvolvendo, distribuindo renda, gerando emprego, afirmando a nossa soberania, tendo importância internacional, se nós não tivermos uma indústria forte", discursou Dilma, diante de uma plateia de empresários. "Não sou daquelas pessoas que acreditam que o mundo mudou e é, hoje, só (o setor de) serviços. Não acredito nisso."

Dilma defendeu crescimento de "forma acelerada", associando-o ao aumento de produtividade da indústria. "Temos de ter capacidade de crescer sem gerar inflação. Porque a produtividade está lá debaixo da inflação também. Não tenhamos dúvida disso. Aumento de produtividade diminui pressão inflacionária", destacou.

O presidente da CNI, Robson Andrade, admitiu que a produtividade da indústria brasileira está abaixo da média mundial, mas garantiu que há esforços do setor para melhorar a situação.

País rico. Dilma destacou princípios que, segundo ela, estão na mesma altura do slogan oficial do governo ("País rico é país sem pobreza").

"País rico é país que é capaz de manter sua indústria crescendo, sua indústria competitiva e, sobretudo, é capaz de inovar e educar esse nosso povo", afirmou.

A questão cambial também ganhou destaque no discurso da presidente, que voltou a criticar as estratégias usadas pelos países ricos diante do cenário de crise internacional.

"Temos de estar sempre atentos para que os mecanismos de combate à crise e de padrão de combate à crise que os países desenvolvidos adotam, e de alguma forma lembram muito aqueles adotados nos anos 1930 - a chamada desvalorização competitiva -, não levem a uma valorização do nosso câmbio que torna a indústria brasileira, as empresas de serviços brasileiras, presas fáceis de um processo de desconstituição, e eu diria até de canibalização", disse Dilma Rousseff.

O presidente do BNDES, por sua vez, destacou que a indústria brasileira está em um momento de enfrentamento de acirramento da competição internacional. "Não abriremos mão de ter uma indústria forte e competitiva. Isso é condição de afirmação brasileira", disse.

Coutinho observou que a produtividade precisa crescer mais. "A produtividade brasileira precisa se sustentar em níveis mais próximos de 4,5%. Não podemos crescer a taxas de 2%", disse, salientando que isso é importante para aumentar a competição e sustentar o desenvolvimento virtuoso.

"O aumento da produtividade é imperativo para desenvolvimento agora", reforçou.

Terra fértil. Na avaliação do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, a comunidade empresarial é "terra fértil" do Brasil. "E quem semeia em terra fértil, colhe bons frutos", complementou.

Para o ministro, um observador menos atento pode pensar que nada mudou no País. "Mas isso não é verdade", garantiu, acrescentando que hoje há convergências entre trabalhadores, indústria e governo.

"Hoje temos o mais poderoso conjunto de instrumentos para fortalecer nossa indústria e trazer inovação", enfatizou Pimentel.