19/04/11 14h37

Governo quer TAV iniciado em 2012 e pronto até a Olimpíada

DCI

Apesar de ter sido adiado duas vezes, o leilão para as obras do trem de alta velocidade (TAV), que ligará Campinas (SP), São Paulo e o Rio de Janeiro, estará pronto para as Olimpíadas de 2016, no Brasil. É o que afirma Bernardo Figueiredo, diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Para ele, apesar dos entraves e da complexidade do projeto, a indústria ferroviária brasileira, que já é a maior de toda a América Latina e produz locomotivas potentes, de mais de 3.000 HPs (cavalos-de-força), conseguirá alcançar o programa, ainda que falte tecnologia ao parque produtivo local do setor, que deverá vir das parcerias estrangeiras para suprir esta lacuna.

O governo quer que as obras do empreendimento comecem no 2º semestre de 2012, o mais tardar, e que com alguma sorte estejam prontas para as Olimpíadas de 2016. Mas isto seria uma antecipação, pois o prazo contratual para o fim das mesmas é 2018. Na ponta do lápis dá para se dizer que 70% das obras serão realizações de infraestrutura básica - trilhos no chão, iluminação, abertura de túneis -, área em que nossas empresas poderão atuar. O restante será trazido pelas transnacionais da área que entrarem no projeto, e posteriormente esta tecnologia será repassada às companhias e aos governos locais. Com isto, o setor ferroviário nacional finalmente entrará no séc. XXI, e o Brasil poderá se tornar um dos players globais da indústria de trens-bala que hoje movimenta bilhões de dólares todos os anos.

Essas questões são as principais conclusões do Seminário Trem de Alta Velocidade - TAV, que foi realizado ontem na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na capital paulista. O 3º encontro sobre o assunto, promovido pela entidade, tenta fazer deslanchar o projeto que até hoje não saiu do papel e é constantemente bombardeado na mídia e no próprio meio empresarial. O leilão da concessão do negócio está previsto para acontecer em 29 de julho.

"Defendo que o Brasil merece, sim, ter um TAV", afirma Bernardo Figueiredo, da ANTT. Ele não está só: representantes do governo de São Paulo, do governo do Rio de Janeiro e de empresários de ambos os estados presentes ao evento apoiaram o empreendimento. O TAV brasileiro custará, segundo projeções, perto de R$ 33 bilhões (US$ 20,6 bilhões), valor de que o governo financiará R$ 20 bilhões (US$ 12,5 bilhões) a juros baixos (serão linhas de crédito do BNDES que terão a taxa de juros de longo prazo do banco, a TJLP, como base). Além disto, o governo aplicará R$ 3,4 bilhões (US$ 2,1 bilhões) na qualidade de sócio-investidor, através da criação da Empresa de Transporte Ferroviário de Alta Velocidade (Etav).

O retorno previsto do investimento será de 10,5% ao ano. Há cinco grandes grupos internacionais, detentores de capital e expertise em trens-bala, que estão hoje se articulando com seus pares brasileiros para formarem consórcios que disputem o leilão. Eles terão de investir e correr riscos, no entanto: "É normal que as empresas queiram ainda mais apoio financeiro do que o que já foi oferecido, mas não é viável ao governo atendê-las", como declarou Figueiredo, diplomático.