03/09/07 11h10

Governo prepara ofensiva comercial nos países da Ásia

O Estado de S. Paulo - 03/09/2007

Com pelo menos três anos de atraso, a política externa brasileira vai se voltar para a Ásia em 2008. A decisão tomada pelo Ministério das Relações Exteriores, com o devido aval do Palácio do Planalto, atende à ambição do governo Luiz Inácio Lula da Silva de ampliar o comércio e o investimento entre o Brasil e as economias dinâmicas e em ascensão da Ásia e de reforçar as relações diretas com essas nações no período final de seu mandato. Politicamente, essa decisão embute ainda o interesse do governo Lula de limar as tradicionais intermediações da Europa e dos Estados Unidos nesses contatos e de alavancar a posição do Brasil no contexto multilateral. Nessa estratégia, o livre comércio foi descartado como mecanismo para elevar as trocas comerciais, a interconexão de cadeias produtivas e os investimentos recíprocos. A razão é clara e oportunamente escamoteada pelo governo - a deficiência de capacitação tecnológica de parte da indústria brasileira, em comparação com concorrentes asiáticos. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, defende novas modalidades de aproximação, que se casam com a iniciativa já tomada pela área comercial do governo de estimular um 'ataque empresarial' do Brasil à Ásia. Uma iniciativa que pode ser vista como uma alternativa à reivindicação de setores produtivos por proteção contra a concorrência asiática. O Itamaraty trabalha com sete grandes focos na Ásia. No novo desenho estratégico do continente, que exclui o Oriente Médio e incorpora países da Oceania, estão Índia, China, Coréia do Sul, Japão, Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), Austrália, Nova Zelândia, além das ex-repúblicas soviéticas.