31/03/11 10h59

Governo move-se para tentar atrair produção da Apple

Valor Econômico

O governo federal está empenhado em viabilizar o desembarque de uma fábrica da Apple no Brasil. Uma fonte do alto escalão do Palácio do Planalto disse ao Valor que o governo estuda algumas sugestões para que o plano se concretize. Assim como ocorre em outros países onde a Apple tem produção, a montagem dos equipamentos - como o celular iPhone e o computador em formato de prancheta iPad - ficaria sob a responsabilidade de uma companhia especializada em manufatura terceirizada.

Embora as especulações estejam concentradas em uma eventual parceria com a chinesa Foxconn - companhia que já é parceira da Apple para fabricação na China e também tem fábrica em Jundiaí (SP) -, o Valor apurou que outros fabricantes estão sendo sondados, inclusive por uma equipe do próprio governo. Além da Foxconn, a produção terceirizada de eletrônicos no país é feita, em boa parte, por grandes empresas internacionais como Flextronics, Jabil e Quanta. A Apple não comenta o assunto. Os fabricantes de equipamentos também evitam o tema.

Trazer a Apple para o país, segundo essa fonte, passou a ser um plano visto no governo como de "grande importância simbólica" e uma prova de que houve amadurecimento no mercado nacional de tecnologia. Com 207,6 milhões de celulares em uso no país e quase 14 milhões de computadores vendidos no ano passado, atualmente o Brasil conta com instalações de praticamente todos os grandes fabricantes de PCs e eletrônicos do mundo. Somente a Apple está fora da lista.

Há um ano, foi a vez da canadense Research In Motion (RIM), uma das principais concorrentes de Steve Jobs na arena dos celulares, anunciar a produção de seu smartphone BlackBerry no país. Os telefones são montados pela Flextronics, multinacional de Cingapura instalada em Sorocaba, no interior de São Paulo.

Por trás do interesse da Apple em ter uma fábrica no país está a movimentação do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, que age para incluir os tablets na categoria de computadores. A medida reduziria os impostos que incidem sobre esses equipamentos, atualmente enquadrados como telefones celulares, e que, por isso mesmo, não gozam dos benefícios fiscais concedidos aos fornecedores de PCs.

O Brasil já é o quarto maior mercado mundial de computadores, atrás apenas dos Estados Unidos, da China e do Japão. De acordo com estimativas da empresa de pesquisa IDC, no ano passado foram vendidas aproximadamente 100 mil unidades de tablets no país. Para este ano, a expectativa é de vender mais 300 mil equipamentos.