16/08/12 16h55

Governo espera atrair mais investimentos estrangeiros

Brasil Econômico

Parte do ingresso deve ocorrer por meio da compra de debêntures e vai compor os recursos privados

O governo espera atrair investidores estrangeiros para as concessões de rodovias e ferrovias que foram anunciadas ontem pela presidente Dilma Rousseff dentro do Programa de Investimento em Logística. “As taxas de juros dos títulos públicos dos países desenvolvidos estão negativas e isso pode impulsionar os investidores a projetos com boa rentabilidade”, disse o secretário- executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa.

A expectativa de Barbosa é que os investimentos venham de países da Ásia e também dos Estados Unidos. “Principalmente os fundos de pensão americanos”. Como o Brasil é grau de investimento pelas principais agências de classificação de risco, não há mais impedimento para que esses grupos aportem seu capital por aqui.

Parte desse ingresso deve ocorrer por meio da compra debêntures e vai compor os recursos privados necessários para a execução das obras concedidas pelo setor público às Sociedades de Propósito Específico (SPEs). Essa modalidade de captação já conta com isenção do Imposto de Renda para os compradores não-residentes e o governo espera que essa seja a oportunidade para o instrumento deslanchar.

“Os bancos privados também devem participar com empréstimos- ponte que, junto com as debêntures, deve aprofundar bastante o mercado de capitais no país", afirmou o secretário.Letícia Queiroz Andrade, sócia de regulatório do escritório Siqueira Castro Advogados, também espera um volume de participação alto de recursos estrangeiros para esse plano. Mas, segundo ela, devem estar mais concentrados nas ferrovias, que serão oferecidas por meio de Parcerias Público-Privadas. “Esse modelo faz sentido porque a construção da malha ferroviária sai muito cara”, afirmou. Como no Brasil não se produz equipamentos, disse a advogada, como o próprio trem, vagões e os trilhos, para linhas férreas, os estrangeiros têm mais conhecimento e acesso a esses componentes no exterior.

O presidente da Vale, Murilo Ferreira, afirmou que, desde outubro do ano passado, vem entrando em contato com investidores internacionais para falar sobre o projeto de concessões que o governo brasileiro lançaria. “Eles podem ou não entrar em parceria conosco, mas estão interessados”, disse o executivo, ressaltando que todas as concessões que afetarem o transporte da produção da empresa, como as ferrovias e portos, interessam. “Eu acabei de vir da Ásia, as pessoas veem o tamanho do Brasil e nunca entendem como aqui não há investimentos, como nunca se chamou capital estrangeiro para participar de concessões”, disse o empresário Eike Batista.
Para o empresário Jorge Gerdau Johannpeter, coordenador da Câmara de Gestão e Planejamento do governo federal, as concessões colocarão o Brasil no ritmo de crescimento chinês a partir da atração do capital estrangeiro. “Como o nosso financiamento tem limites, precisamos trabalhar para chamar recursos de fora do país". O governo não prevê quaisquer efeitos colaterais pressionando o câmbio com o ingresso desses recursos. Mesmo considerando que a totalidade de investimentos esperados para cada ano, R$ 12,8 bilhões, venha do exterior (o que seriam US$ 6,4 bilhões ao câmbio atual) não causará apreciação excessiva do real frente ao dólar.