Governo busca investidores dos EUA para exploração do pré-sal
Dois reservatórios na Bacia de Santos, que serão leiloados, podem produzir 2 bilhões de barris de petróleo
O Estado de S.PauloApós definir a nova política industrial para o setor de petróleo, o governo se adianta para promover o pré-sal nos Estados Unidos. Personagem central no desenho dos compromissos de aquisição de produtos e serviços que as empresas petroleiras devem seguir a partir deste ano, Márcio Felix, secretário do Ministério de Minas e Energia, percorreu na última semana escritórios de grandes petroleiras, como a Exxon, e de investidores financeiros norte-americanos. Desta vez, porém, o governo conta com áreas bem menores do que Libra, oferecida na Bacia de Santos no primeiro leilão de pré-sal, em 2013.
Segundo fonte do Planalto, as duas principais apostas para este ano são os reservatórios de Pau-brasil e Peroba, na Bacia de Santos, que juntas somam volume recuperável estimado em 2 bilhões de barris de petróleo. A projeção para Libra é de 8 bilhões a 12 bilhões de barris. O esperado, portanto, é que Pau- Brasil e Peroba rendam ao Tesouro Nacional menos do que os R$ 15 bilhões pagos na primeira licitação de pré-sal.
A extensão do campo de Carcará (Bacia de Santos), já concedido, também promete, de acordo com a fonte. “Carcará tem uma produtividade monumental. Basta ver quanto a Statoil pagou pela participação da Petrobrás (66% do campo)”, afirmou. A empresa norueguesa pagou US$ 2,5 bilhões pela fatia da área e assumiu a operação do campo. Neste ano, o governo vai leiloar um reservatório contínuo à descoberta e o esperado é que a Statoil arremate também essa parcela.
Carcará estará em um leilão à parte, que inclui outras três extensões de áreas já concedidas – Gato do Mato, operado pela Shell, e Tartaruga Verde e Sapinhoá, operados pela Petrobrás. As quatro estão localizadas na Bacia de Santos.
Os blocos Pau-brasil e Peroba – o primeiro com características geológicas mais atrativas que o segundo – foram intensamente estudados pela Petrobrás, o que aumenta as chances de o investidor achar petróleo e, consequentemente, o prêmio a ser pago pelas petroleiras em leilão. “O risco do negócio é quase zero”, disse a fonte. O governo conta ainda com outras áreas exploratórias de pré-sal para leiloar. Mas nessas não foi feito o dever de casa de mapeamento prévio das oportunidades.
Duas concorrências de pré-sal estão marcadas para 2017 – uma de extensões de áreas já concedidas, os blocos unitizáveis, prevista para o primeiro semestre, e outra com áreas que ainda vão ser definidas pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), em novembro. Em setembro, ainda será promovida a 14.ª rodada, com blocos de pós-sal, e em maio, a rodada de áreas marginais, com foco nas pequenas e médias empresas petroleiras.
Com legenda. Para divulgar no exterior as mudanças no conteúdo local, o governo preparou um vídeo com legenda em inglês, no qual aparecem o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, e o secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Mansueto Almeida.
“A regra atual exige um conteúdo local muito elevado. As empresas não conseguem cumprir e isso leva a um aumento de custo, atraso da produção e queda do emprego. Com as regras novas, o conteúdo local será menor, mesmo assim, ainda garantirá um mercado para a indústria doméstica. Mas esse conteúdo local menor permitirá que o custo de exploração e produção de petróleo seja menor, o que vai levar a mais investimento e, consequentemente, mais emprego e arrecadação”, diz Mansueto no vídeo, divulgado na página do governo focada na promoção do Brasil a investidores estrangeiros.