02/08/13 15h18

GM escala executivo de vendas para comandar nova fase

Valor Econômico

Um economista de 43 anos, vindo da área de vendas e figura pouco conhecida no setor, foi o homem escalado pela General Motors (GM) para comandar a montadora no Brasil. Santiago Chamorro, até então diretor-geral de vendas da empresa, assumiu ontem a presidência da filial brasileira, um cargo que vinha sendo acumulado por Jaime Ardila, presidente da GM na América do Sul, desde dezembro, quando a americana Grace Lieblein, que estava no comando da subsidiária, foi promovida à vice-presidente global de compras do grupo e voltou aos Estados Unidos.

Assim como Ardila - homem que dá as cartas da montadora na região e a quem o novo presidente da GM do Brasil vai se reportar diretamente -, Chamorro é colombiano e assume o posto no momento em que a empresa inicia uma nova fase de desenvolvimento no país.

Pouco tempo após encerrar um ciclo de investimentos de R$ 5,7 bilhões que renovou a linha da marca Chevrolet e ampliou sua capacidade de produção, a GM voltou a ganhar mercado neste ano. Até julho, as vendas cresceram quase 5%, mais do que o dobro da média da indústria, o que lhe permitiu, com 18% do mercado, se aproximar da Volkswagen (18,9%) na disputa pela segunda colocação entre as montadoras que mais vendem no Brasil. Um dos lançamentos nessa leva de renovações, o Onix, sucessor do Corsa, se tornou o sexto carro de passeio mais emplacado no mercado brasileiro, no embalo do apetite do consumidor brasileiro pelas novidades da indústria.

O desafio de Chamorro será manter a GM nessa rota de crescimento num momento em que o mercado começa a dar sinais de que perde fôlego. Paralelamente, terá que comandar a montadora sob um novo ambiente regulatório, com um regime automotivo que impõe metas para a indústria automobilística brasileira melhorar a eficiência e qualidade de seus produtos.

Uma de suas primeiras tarefas será definir, provavelmente até o fim deste ano, o próximo ciclo de investimentos no Brasil, que pode começar com a produção de um novo carro na fábrica de São José dos Campos, no interior paulista. O projeto é disputado por outros dois países, mas a filial brasileira já chegou a um acordo com o sindicato dos metalúrgicos local - com quem tem relação conflituosa - para tornar viável o empreendimento, estimado em R$ 2,5 bilhões. A montadora também já garantiu com a prefeitura de São José e o governo estadual incentivos fiscais para a instalação do distrito de fornecedores próximo à fábrica.

Além da formação em Economia, Chamorro tem pós-graduação em Finanças na Universidade de Los Andes, na Colômbia. Ele chegou à GM em 1993, quando tinha apenas 24 anos e começou a trabalhar na área de pós-venda. Após isso, foi diretor de vendas na Colômbia e no Brasil, além de presidente da subsidiária do grupo em seu país-natal, a GM Colmotores. A última função, de diretor de vendas, serviços e marketing da GM América do Sul, ele ocupou desde 2012. Também consta de seu currículo uma experiência na área de vendas e marketing da empresa nos Estados Unidos.

Em nota distribuída pela montadora à imprensa para comunicar a nomeação de seu novo presidente no Brasil, Ardila destaca que a experiência nas áreas de marketing, vendas e serviços, além da liderança da GM na Colômbia, faz de Chamorro a "pessoa certa" para comandar a montadora. Há três anos, a GM busca um executivo dedicado apenas à operação brasileira, mas as duas últimas tentativas foram mal-sucedidas. A engenheira americana Denise Johnson, que assumiu o posto em julho de 2010 como a primeira mulher a comandar uma montadora no Brasil, ficou apenas oito meses no cargo. Após disso, Grace Lieblein tomou posse em meados de 2011, após presidir a montadora no México. No entanto, promovida para chefiar as compras do grupo, ela deixou o Brasil no fim de 2012.

O lugar de Chamorro na diretoria de vendas passou para Edgar Lourençon, que era responsável por projetos especiais da GM na América do Sul. Ele está na GM desde 1977, acumulando passagens pelas áreas de engenharia de manufatura, qualidade, exportações e vendas. Também teve experiência como presidente de operações da GM Chile/Peru, Argentina/Paraguai/Uruguai e África do Sul.