09/12/24 15h22

GlobePack incentiva clientes a participarem do processo de logística reversa

Ações da indústria instalada em Hortolândia têm como meta garantir que todos os resíduos de seus produtos voltem para serem reaproveitados no processo industrial

Correio Popular

A GlobePack Embalagens Plásticas, instalada em Hortolândia, trabalha com o conceito de resíduo e desperdício zero com base nas práticas de ESG, sigla em inglês para preservação do meio ambiente, responsabilidade social e transparência empresarial. “Nós reutilizamos tudo o que produzimos”, resumiu o diretor da empresa, Bruno Pisciotta, lançando mão da logística reversa, um instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a garantir o fluxo de resíduos de seus produtos de volta para a indústria. Para conseguir obter o resultado desejado, a empresa incentiva os clientes a participarem do processo.

Ela produz 6 mil toneladas por ano de filme stretch, o plástico usado para embalar palets de mercadorias de diversas espessuras para atender às necessidades dos clientes. Essa película é importante para prender e proteger os produtos transportados. Dentro de sua política, a GlobePack pode reaproveitar tudo o que envia, como o próprio filme, os tubetes de papelão das bobinas, os palets de madeira utilizados no transporte e até as caixas de papelão quando são vendidas pequenas quantidades. Para garantir a adesão dos clientes no processo de logística reversa, eles são remunerados pela empresa. 

“Eles podem receber em mercadoria ou em dinheiro, o que preferirem”, explicou Pisciotta. As aparas de plástico podem ser 100% encaminhadas para reciclagem para gerar novos produtos. Além disso, as bobinas com defeito de fabricação são usadas para embalar as próprias mercadorias enviadas para os clientes. Os palets são reutilizados para transportar as mercadorias. Depois de várias usos, eles podem ser transformados em novos produtos, por meio da remanufatura. No caso dos tubetes, os cilindros de papelão para dar forma e permitir o uso das bobinas de filme, a GlobePack adotou duas ações para garantir uma nova utilização, reduzindo, assim, a necessidade de compra de novos.

Mudança nos procedimentos

Para garantir as características físicas dos tubos e aumentar a sua vida útil, a empresa aumentou a espessura em 3 milímetros, passando de 5 mm para 8 mm. Além disso, ela lançou uma cartilha voltada aos clientes com os cuidados necessários para garantir a reutilização. Os tubetes não podem, por exemplo, ser amassados, molhados ou guardados em locais úmidos. 

Esses cilindros são necessários para encaixar as bobinas de filme nas embaladoras automáticas. Nesse campo, a GlobePack tem outras atividades. Uma é destinada aos grandes clientes, com a empresa fornecendo para eles as máquinas paletizadoras mediante alguns requisitos internos, como uma compra mínima por um período preestabelecido. “Elas garantem que as mercadorias sejam embaladas de maneira mais uniforme, isso é visível. Elas garantem também aumentar em 300% o estiramento do filme stretch, reduzindo o consumo”, disse o diretor da indústria. 

Dessa forma, 100 metros do plástico se convertem em 400 metros ao serem esticados até sua capacidade máxima pelas embaladoras, o que não é possível quando o trabalho é feito manualmente. A empresa também lançou no mercado o Eco Film, produzido sem o tubete. As bobinas ganham a rigidez necessária para serem usadas ao serem expandidas com o uso de ar comprimido, dispensando o uso do cilindro de papelão que tem a função de ser a estrutura de sustentação, como um esqueleto interno. 

Para desenrolar as bobinas, os clientes usam tubos plásticos reaproveitáveis fornecidos pela indústria. A vantagem para eles é o menor custo do produto, mas que tem limitação na utilização. A aplicação do filme pode ser apenas manual. Lançado no mercado há cerca de dois anos, o Eco Film responde hoje por cerca de 30% das vendas da indústria. O produto é destinado para empresas de diversos setores, entre eles alimentício, bebidas, transportes/logística, farmacêutico, cerâmicas, automotivo, supermercadista e aeroportuário. 

Energia verde

Dentro de sua política de proteção ao meio ambiente, a GlobePack investiu R$ 200 mil na instalação de 220 placas fotovoltaicas para suprir toda a necessidade da planta, incluindo a linha de produção e a parte administrativa. Elas têm capacidade de gerar 50 kWp de eletricidade a partir da captação de energia solar. O quilowatt-pico significa o máximo de energia produzida em condições ideais, sendo medido por meio da potência de um painel fotovoltaico quando subordinado às disposições padronizadas de teste STC (Standard Test Conditions). 

A GlobePack, ao utilizar essa fonte de energia renovável, começou a colher os resultados ao reduzir seus custos. A conta mensal de eletricidade caiu de R$ 10 mil para algo em torno de R$ 800 a R$ 1 mil, o valor mínimo exigido pela operadora do sistema elétrico. “Ao gerar energia limpa, não apenas reduzimos nosso impacto ambiental, mas também reforçamos nossa dedicação e as operações mais responsáveis e ecologicamente corretas”, explicou o diretor da empresa. 

Bruno Pisciotta faz parte da segunda geração da família à frente da indústria. De acordo com ele, ao adotar as práticas de ESG, a GlobePack segue o caminho trilhado por clientes e hoje é uma exigência do mercado. “Quem não adota o ESG corre risco de perder clientes. Se não for agora, será daqui algum tempo”, previu.

A fábrica

“Promovemos práticas sustentáveis entre os colaboradores, trabalhamos com fornecedores que estão em dia com as leis ambientais e adotamos a política de logística reversa”, acrescentou o empresário. A indústria foi fundada há 33 anos e tem uma área fabril de 5 mil metros quadros (m²). Hoje conta com 50 funcionários, com a linha de produção operando ininterruptamente, 24 horas por dia. 

“As ações sustentáveis já fazem parte do nosso planejamento há alguns anos, pois a visão é sempre acompanhar o mercado de modo geral. As ações sustentáveis fazem parte do nosso desenvolvimento e, além disso, temos diversos clientes de grande porte que necessitam de ações nesse âmbito para manter o fornecedor em dia com todas as ações”, revelou o diretor da GlobePack. Para garantir transparência de suas ações, ela tem certificado de qualidade ISO 9001:2015, Selo Verde e de reconhecimento por ser Ecologicamente Correta. 

Para atingir os resultados, mantém foco no cliente, liderança, envolvimento das pessoas, abordagem de processo, abordagem sistêmica da gestão, melhoria contínua, tomadas de decisões baseada em fatos concretos e relações mutuamente benéficas com os clientes e fornecedores. A empresa também desenvolve ações sociais, colaborando com creches, escolas e outras entidades de Hortolândia. Ela também tem um código de conduta para os funcionários, desenvolve campanhas de segurança e incentiva a formação dos colaboradores através do pagamento de cursos universitários ou técnicos. A empresa cresceu principalmente entre 2020 e 2021, durante a pandemia de covid-19, quando viu dobrar a produção diante da expansão da vendas on-line.

Entre seus clientes estão líderes de mercado em vários segmentos, como plataforma de e-commerce, transporte aéreo, alimentos e ração animal, entre outros. A GlobePack se prepara para investir R$ 2 milhões em 2025 para aumentar em torno de 20% a produção e em 12% o número de funcionários. Ela atende hoje clientes em todos os estados do país e se prepara também para iniciar a exportação. A GlobePack realizou pesquisa de mercado e tem planos para iniciar as vendas na Argentina, Paraguai, Uruguai e outros países da América do Sul.

 

Fonte: https://correio.rac.com.br/campinasermc/globepack-incentiva-clientes-a-participarem-do-processo-de-logistica-reversa-1.1598756