Gerdau inicia fabricação de peças para setor eólico com grupos japoneses
Valor EconômicoA Gerdau inaugurou ontem, em sua usina de aço especial de Pindamonhangaba (SP), o empreendimento conjunto Gerdau Summit, com controle dividido com as japonesas Sumitomo Corporation e Japan Steel Works (JSW). O objetivo da joint venture será, principalmente, fornecer peças para a geração de energia eólica. O grupo Gerdau terá possibilidade de suprir peças para quase todo o processo de montagem de parques eólicos, disse Guilherme Gerdau Johannpeter, vice-presidente de aços especiais da siderúrgica gaúcha.
O capital social da empresa será dividido em 59% para a Gerdau, 39% da Sumitomo e 2% para a JSW. Serão investidos R$ 280 milhões até 2020 para a aquisição de máquinas e equipamentos da operação, financiados pela Sumitomo. Parte da produção já atribuída ao empreendimento começou em Pindamonhangaba e algumas peças estão sendo vendidas aos setores sucroalcooleiro e mineral.
A ideia da nova companhia, disse Johannpeter, é aproveitar a capacidade financeira e a rede comercial da Sumitomo e o conhecimento tecnológico da JSW. "A indústria eólica será fundamental para mudança da matriz energética e queremos participar da mudança", afirmou. "A previsão é de construção de 350 parques eólicos até 2020. Com a Gerdau Summit, devemos criar 100 novos empregos em Pindamonhangaba."
Serão eixos para aerogeradores, anéis de rolamento por parte da joint venture, mais o vergalhão que é fabricado em várias unidades da Gerdau, bem como as chapas grossas que a empresa começou a produzir na usina de Ouro Branco (MG) no ano passado.
"É uma oferta completa para as torres. Nossa expectativa é de adição do sistema para até 20 gigawatts [GW] em 2020, hoje temos apenas 8", afirmou Johannpeter. "É um momento bom para se apostar nesse negócio, porque muitos projetos foram adiados e devemos entrar com produção bem no momento de demanda."
Novos equipamentos, grande parte do investimento de R$ 280 milhões bancado pela Sumitomo, estão previstos para chegar em meados do primeiro semestre do ano que vem. Até o fim de 2018, a Gerdau Summit já espera estar fornecendo para o setor eólico.
O empreendimento deve ajudar a aliviar o mau momento para a unidade de Pindamonhangaba. Quase 90% da demanda local é feita pelo setor automotivo, em crise há pelo menos três anos. Mais para frente, a usina também será capacitada para atender o setor de petróleo e gás.
Atualmente, equipamentos mais antigos da Villares Rolls já trabalham sob a joint venture. O presidente da operação será indicado pela Gerdau, majoritária no negócio. A ideia de montar o empreendimento faz parte do projeto de busca de parcerias e racionalização da carteira de ativos lançado pela siderúrgica nos últimos anos.
O executivo falou, ainda, da divisão da qual é vice-presidente, a de aços especiais. Segundo ele, a venda da espanhola Sidenor e melhorias no restante da operação tornaram a divisão rentável. Só no Brasil, eram quatro unidades produzindo esse tipo de aço, mas o total foi reduzido para duas. Apenas Pindamonhangaba (SP) e Charqueadas (RS) seguem na operação. A Gerdau ainda faz aços especiais na Índia e EUA.
No momento, o objetivo é exportar como estratégia para escapar do colapso da demanda interna. Produtos estão sendo homologados por clientes no México, na Argentina e na Europa, segundo o executivo. "Podemos ser competitivos mesmo com a desvalorização recente do real", afirmou.