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Geradoras e fundos apostam em PCH

Valor Econômico - 18/07/2008

Os números da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sobre o potencial de geração de energia a partir de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) no Brasil falam por si. Há o equivalente a uma usina do rio Madeira, algo como 3,7 mil megawatts (MW), em gestação no país. É uma capacidade que se for tirada do papel deverá exigir investimentos de pelo menos R$ 15 bilhões (US$ 9,38 bilhões), já que cada MW instalado custa ao redor de R$ 4 milhões (US$ 2,5 milhões). Por definição, uma PCH tem potência instalada de até 30 MW e alaga uma área de no máximo 3 quilômetros quadrados. Com desconto na tarifa de transmissão, direito a incentivos fiscais e complexidade menor nos processos de licenciamento ambiental, investir em PCH entrou no radar de praticamente todo o grande grupo de energia no Brasil. É o caso, por exemplo, da Tractebel, Energias do Brasil, AES Tietê, CPFL Energia e outros. Mas não foram só eles. De uns tempos para cá, os fundos de investimento também esticaram os olhos em direção a esse segmento. O interesse é crescente porque, com o atual aperto entre oferta e demanda no Brasil, tirar uma PCH do papel é relativamente rápido. Demora entre um ano e dois anos para ficar pronta. "A PCH encontra muito espaço no mercado livre de energia, que hoje pratica preços mais elevados e contratos mais longos que o regulado", afirma Hugo de Souza, diretor-executivo da Enernova, braço da holding Energias do Brasil, do grupo português EDP, para o negócio de geração a partir de fontes renováveis. Segundo Souza, a Enernova planeja acrescentar 600 MW em PCHs entre 2008 e 2012, o que resultaria em um investimento de R$ 2,4 bilhões (US$ 1,5 bilhão). Hoje, a companhia possui 13 pequenas centrais, que totalizam 160 MW de capacidade. Outro grupo que mira fortemente o setor de PCHs é a AES Tietê. Controlada pela holding Brasiliana, que tem como acionistas o BNDES (49,99%) e a americana AES (50,01%), a companhia planeja investir R$ 260 milhões (US$ 162,5 milhões) para erguer 5 pequenas centrais no Brasil. Serão duas em São Paulo, que somam 8 MW, e mais três no Rio de Janeiro, que totalizam 52 MW.