Geração de empregos no setor da energia solar fotovoltaica é destaque no Brasil
Em dez anos, quase 1 milhão de empregos foram gerados com a energia solar fotovoltaica. No mundo, mais de 12 milhões trabalham com energia renovável e migração de trabalhadores de outros setores deve crescer ainda mais nos próximos anos
Jornal da USPDesde 2012, o Brasil gerou 979,7 mil novos empregos na área de geração de energia solar fotovoltaica. Em julho, 7,7% da oferta de energia no País veio dessa fonte, segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). O crescimento da oferta de empregos no ramo das energias sustentáveis e renováveis é uma tendência vista desde 2012.
Um relatório publicado no ano passado pela Agência Internacional de Energias Renováveis (Irena) aponta que 12,7 milhões de pessoas trabalharam diretamente com energias renováveis ao redor do mundo em 2021. Isso representa um acréscimo de 700 mil em relação ao ano anterior. Para se ter uma ideia, em 2012 apenas 7,3 milhões de pessoas trabalhavam no setor.
“A busca por novas fontes de energia tem gerado novas oportunidades de negócio e vagas de emprego. A transição energética é um fenômeno mundial que, entre outros fatores, tem forte relação com a substituição das fontes energéticas baseadas no petróleo por fontes limpas e/ou renováveis”, explica Fernando de Lima Caneppele, professor da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da USP. “Isso deve também desencadear a migração de profissionais de outros setores para esse setor, que não para de crescer.”
Segundo dados desse relatório, quase dois terços de todos os empregos em energia renovável estão na Ásia, e a China lidera com 42% do total. Em seguida, estão a União Europeia e o Brasil, cada um com 10%. A Índia e os Estados Unidos ficam, cada um, com 7% nessa equação.
“Eólica, solar e bioenergia apresentaram um crescimento no número de vagas de emprego ao longo dos últimos dez anos. A principal diferença está na taxa desse crescimento: enquanto a energia hídrica e a bioenergia cresceram aproximadamente 40% no período, a fonte eólica viu o seu número de vagas aumentar quase 83%”, diz Caneppele.
Ainda segundo o relatório, 1,3 milhão de empregos foi gerado no ramo da energia eólica e 2,4 milhões em energia hidrelétrica. O Brasil corresponde a 7,5% dos empregos na área da energia hidrelétrica mundialmente.
O ramo da energia solar fotovoltaica foi o que mais cresceu, passando de 1,36 milhão de empregos em 2012 para 4,3 em 2021. Nesse mesmo ano, o mundo bateu um recorde de produção de energia fotovoltaica: 132,8 GW de capacidade instalada. Esse é o setor que mais cresceu nos últimos dez anos, e o que mais emprega dentro das energias renováveis.
Brasil
Em 2013, o Brasil produzia 99,835 MW de energia renovável e chegou em 2022 produzindo 175,262 MW. Uma estimativa feita pela Irena também coloca na conta do País a criação de 1,3 milhão de empregos no período de 2020-21, mais do que a Índia, Estados Unidos e União Europeia.
No ramo da energia fotovoltaica, essa estimativa é de 115 mil empregos em 2021, sendo que, em 2020, esse número era de 72,6 mil. Dados da Absolar mostram que Minas Gerais é o Estado que lidera a produção dessa energia no País, com 13,5% do total gerado. São Paulo vem logo em seguida, também com 13,5%, e o Rio Grande do Sul ocupa a terceira posição, com 10,2%.