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GE Hydro aplica US$ 140 milhões no país para dobrar operação mundial

Valor Econômico - 14/02/2008

Transformar o Brasil em matriz é quase uma raridade no mundo das multinacionais. A regra do jogo costuma conduzir as subsidiárias do país a no máximo almejarem a chefia das filiais da região. Mas a americana General Electric (GE) resolveu trilhar o caminho da exceção. Seduzida pelo potencial do mercado de geração hídrica no país, a companhia resolveu tirar do Canadá o comando das operações globais da GE Hydro e transferi-lo para Campinas (SP). A partir da cidade do interior paulista, que agora abriga a administração, o financeiro, a engenharia, entre outros departamentos, a GE pretende ampliar as vendas globais da sua divisão Hydro, que no ano passado somaram US$ 300 milhões. Desse total, o Brasil detém uma fatia nada desprezível, a metade. Mas vale lembrar que, por ora, não há base de comparação. O motivo é que até 2006 o negócio hídrico não tinha status de empresa, já que compunha a GE Geração de Energia, e seus números eram consolidados. E o brasileiro José Malta, presidente mundial da GE Hydro, afirma que sua missão é aumentar essa receita, apesar de não revelar o tamanho do incremento esperado a cada ano. A julgar pelo volume de recursos e a quantidade de tarefas que Malta vai capitanear deste ano em diante, a meta do executivo vai além do faturamento. O presidente mundial da GE Hydro afirma ao Valor que vai desembolsar US$ 140 milhões nos próximos dois anos. E esse recurso será usado na modernização da fábrica de Araraquara (SP), na construção de um laboratório de turbinas hídricas, entre outras atividades. "O investimento também será utilizado para fechar a unidade canadense e duplicar a capacidade de Araraquara", acrescenta o executivo. Mas centavo algum teria saído do cofre da GE caso não houvesse boas perspectivas no país para a geração hídrica. Segundo os dados da multinacional americana, o Brasil tem potencial para agregar 4 gigawatts (GW) por ano de fonte hídrica à matriz energética nacional, o que lhe dá a segunda posição no potencial mundial de geração a partir da hidroeletricidade. A líder neste quesito é a China, que demandaria aproximadamente 8 GW anuais. Sendo assim, Campinas ficará responsável por comandar as fábricas brasileira, finlandesa e norueguesa. Só não dará as diretrizes da unidade operacional do Canadá e da China. Isso, porque a primeira será fechada e a segunda estará muito mais voltada à produção de equipamentos para a geração de energia eólica e térmica. Além dessas operações, a divisão mundial Hydro ainda terá um pé na Suécia, um país que não possui fábrica, e no Canadá, que tem uma grande base de fonte hídrica.