15/06/15 14h50

Gás natural retoma expectativa na Baixada Santista e Litoral Norte

Baixo custo em relação às outras fontes de energia atrai atenções de prestadores de serviços e usuários

A Tribuna - Santos

A queda do preço do petróleo e a consequente necessidade de mudança da matriz energética no Brasil devem atrair investimentos para a Baixada Santista e Litoral Norte. Nesse cenário, o gás natural, que representa 25% das fontes energéticas, ganha força.

A Tribuna apurou que existem quatro projetos de consórcios para a instalação de um terminal de Gás Natural Liquefeito (GNL). Esses projetos podem ser tanto para o Porto de Santos quanto para o de São Sebastião.

A necessidade de um terminal de GNL na região não é novidade. Além de garantir o aumento na capacidade das termelétricas, o equipamento poderá gerar empregos.

O presidente da Comgás, Luis Henrique Guimarães, ressalta, constantemente, a importância do investimento. Em maio, durante teleconferência com jornalistas, o executivo disse que a companhia, o Governo de São Paulo e outros interessados privados estudam a possibilidade de atracação de um navio regaseificador no estuário de Santos.

O subsecretário de Petróleo e Gás da Secretaria de Energia de São Paulo, Ubirajara Sampaio de Campos, afirma que o investimento em um terminal de GNL será totalmente privado. “Nós apoiamos as iniciativas, sabemos da importância, mas faremos investimentos”.

Campos afirma que o GNL é uma forma de aumentar a produção de gás e garantir economia na energia elétrica e industrial. “Mais gente fazendo é melhor, pois viabiliza um gás mais barato para São Paulo. A concorrência sempre é válida”.

Apesar do ganho na eficiência energética, o representante da Secretaria de Energia de São Paulo não acredita que o equipamento irá gerar uma quantidade expressiva de empregos, tal como era esperada para a base de apoio das atividades offshore da Petrobras, que segue sem definição.

“Um terminal de GNL normalmente é um barco atracado em um píer e nele é feito o armazenamento e a regaseificação. Eles são modulares. Não esperamos por uma grande estrutura na costa”, explica.

Campos, no entanto, faz uma ressalva: “Se for um terminal com 50 milhões de m³, a situação fica diferente. Demandará muita mão de obra. Geralmente, o grosso do pessoal trabalha na montagem do terminal. Depois cai o efetivo”.

Para Campos, um terminal de GNL leva de dois a três anos para entrar em operação. “O Governo Federal precisa aprovar o projeto e na sequência são necessárias licenças da Cetesb e Ibama”.

O diretor da Real Consulto-ria Imobiliária, José Kauffmann Neto, afirma que o mercado imobiliário de salas comerciais na Baixada Santista está sentindo a queda dos investimentos da Petrobras na região, mas não deve descartar o cenário do GNL.

“Nossa região é forte. Já tínhamos a pujança do Porto de Santos, que continua expandindo, a área administrativa da Petrobras aqui, a Saipem operando com tudo em Guarujá”, afirma ele. Kauffmann diz que a região já possui expertise em gás. “Nosso desenvolvimento não está relacionado apenas ao pré-sal”.

Entenda

A produção de GNL se justifica quando as quantidades ou distâncias a serem transpostas entre os locais de produção e aqueles de consumo são tais que se torna economicamente inviável o transporte do gás natural via duto.

Nestes casos, a cadeia de valor do GNL é válida para o transporte intercontinental ou entre hemisférios.

A atividade de liquefação consiste em uma série de processos que visam converter gás natural do estado gasoso para o líquido.

O GNL é o gás natural liquefeito por meio da redução da sua temperatura a -162 ºC à pressão atmosférica normal. Em volume, nas condições métricas padrão (15ºC e 1,013 25 bar), o GNL ocupa um espaço 600 vezes menor do que o gás natural em estado gasoso.

A bordo das embarcações, o GNL é armazenado a baixa pressão em tanques isolados termicamente e com capacidades que podem variar entre 174 a 511 litros.