Gap antecipa plano e vai ao NE
Valor EconômicoUma das maiores redes de vestuário do mundo, a Gap decidiu antecipar investimentos no Brasil para tentar diluir pressões em custos fixos na operação. Com cinco lojas no país (três em São Paulo, uma no Rio e uma em Porto Alegre), a varejista vai abrir mais cinco pontos até o fim do ano. A previsão era fazer essas inaugurações ao longo dos próximos três anos. Com a decisão de acelerar as aberturas, a companhia antecipa sua entrada no Nordeste. Duas das cinco novas lojas serão abertas nas cidades do Recife e de Fortaleza.
"Prevíamos abrir quatro lojas [desde a primeira inauguração, em setembro de 2013 até dezembro deste ano] e mudamos o plano para a abertura de dez pontos", disse Pierre Schrappe, diretor comercial da companhia no Brasil. Foi mantida a estimativa de atingir 15 unidades até o fim de 2017 - ou seja, mais cinco unidades em três anos. "Quem comparar os próximos anos com 2014 vai pensar que desaleceramos [a expansão orgânica], mas na verdade antecipamos investimentos para diluir custos."
O varejo de vestuário tem registrado ritmo de expansão abaixo da média do comércio em geral e sentido pressão maior de custos, como condomínio e aluguel, e de salários e encargos. Grandes redes têm anunciado ações para cortar gastos e tentar repassar eficiência para redução de preços ou para aumento de rentabilidade.
Entre setembro e dezembro devem ser abertos pontos em Barueri (Shopping Iguatemi Alphaville), Fortaleza (Shopping Rio Mar), Curitiba (ParkShoppingBarigui), Niterói (Shopping Plaza Niteroi) e Recife (Shopping Recife). A marca tem lojas no Morumbi Shopping, JK Iguatemi e Cidade Jardim (Gap Kids), em São Paulo; no BarraShoppingSul, em Porto Alegre; e no BarraShopping, no Rio de Janeiro.
Outro caminho para ampliar o tamanho do negócio no Brasil está no projeto de venda on-line da Gap. "Estamos discutindo isso concretamente, mas ainda não temos uma data [para abertura da loja on-line]. Há um projeto da rede na Turquia que deve dar algumas diretrizes para planos [de comércio eletrônico] em outros países emergentes", disse Schrappe, diretor também da Blue Bird. A empresa é franqueada da Gap no Brasil e é dona das marcas Cori, Luigi Bertolli e Emme.
Com US$ 1,47 bilhão em vendas no segundo trimestre fiscal e 1,4 mil lojas no mundo, a marca Gap busca novos mercados para dar outro ritmo ao negócio. Ela cresce menos que o grupo controlador de mesmo nome. Suas vendas ficaram estáveis de junho a agosto e o grupo (dono também de Banana Republic Global e Old Navy) avançou 3%. Nesta estratégia de buscar novos consumidores, a matriz diz "compreender" o cenário atual de desaceleração do varejo no país.
"Isso é entendido por eles, que acham que os resultados [no país] estão adequados", disse. "Estamos enfrentando um cenário um pouco mais difícil do que o projetado e é nessa hora que é preciso prestar mais atenção à operação, aos custos e despesas".
Segundo ele, com a Copa do Mundo e o verão mais prolongado, além da economia mais desaquecida, houve "algum impacto na projeção de vendas do grupo para todas as marcas da Blue Bird", diz. "Você consegue gerenciar isso, em parte, fazendo promoção. Um dos carros-chefes da Gap é a calça de sarja colorida. Fizemos promoção com 25% de desconto. Também oferecemos desconto de 50% em peças na área infantil. Você precisa fazer coisas desse tipo se quiser acelerar as vendas", disse.
"Não cogitamos aumentar preços hoje. Vemos onde conseguimos absorver pressões de câmbio, mas há casos em que já reajustamos [regatas subiram quase 15% este ano]. Quando somos competitivos em preço, ganhamos escala, o que ajuda a absorver custos". Questionado se a Gap no país opera no lucro, Schrappe diz que trabalha para cada loja entrar no azul no prazo de 12 meses após a abertura. Mas afirma que a operação ainda não "pagou" os investimentos feitos no país.