09/04/07 15h08

Gafisa vai se espelhar no modelo mexicano para atuar na baixa renda

Valor Econômico - 09/04/2007

Dentro de duas semanas, um grupo de executivos da Gafisa e da Odebrecht embarca para o México para conhecer pessoalmente como as construtoras locais migraram de um mercado de alto padrão para grandes conjuntos residenciais voltados para as camadas mais pobres da população. Querem entender como empresas como Homex ou Urbi produzem anualmente mais de 40 mil moradias cada uma, a preço médio de US$ 20 mil, e ainda conseguem se manter extremamente lucrativas. É nesse modelo que a Gafisa quer buscar inspiração para transformar seu modelo de negócios. Será uma migração lenta, que dependerá, claro, de como o mercado caminhar. Mas se tudo correr como a empresa espera, seu atual modelo de atuação se tornará uma operação marginal dentro desse novo cenário. Para a Gafisa, assim como para quase todas as incorporadoras, o grande motor de expansão está no segmento voltado à população com renda entre cinco e 20 salários mínimos. Para chegar até ela, criou duas empresas espelhos de suas principais marcas voltadas para as classes A e B, a própria Gafisa e a Alphaville, adquirida em 2006. A primeira é a Fit, que atuará basicamente com condomínios verticais populares, com preço médio dos apartamentos em R$ 80 mil (US$ 39 mil). Mas é na segunda empresa, que será um espelho popular da Alphaville, na qual a companhia realmente aposta suas maiores fichas. Batizada de Bairro Novo, essa companhia, que terá 50% das ações nas mãos da Odebrecht, será especializada na construção de grandes complexos residenciais horizontais. No mínimo, cada condomínio terá mil unidades, com preços iniciais inferiores a R$ 50 mil (US$ 24,39 mil). A idéia é buscar grandes áreas, com algumas centenas de milhares de metros quadrados - em alguns casos, até mais de um milhão -, às margens de rodovias com acesso rápido às metrópoles. Pelos planos de Gafisa e Odebrecht, esses grandes terrenos seriam transformados em verdadeiros bairros, com infra-estrutura básica de comércio, transporte, educação e saúde. No mês passado, a Fit fechou um acordo com a Caixa Econômica Federal que lhe dá garantias de financiamento de até 100% em seis mil unidades. A mesma CEF já acenou que fará acordos semelhantes quando a Bairro Novo sair do papel.