28/09/10 14h21

Fundos de participação têm US$ 13,6 bi para investir no País

DCI – 28/09/10

Números apontam uma forte tendência de crescimento dos investimentos de fundos de private equity em empresas brasileiras. Segundo dados do setor, o estoque em recursos captados em todo o mundo para investimentos no Brasil chegou a US$ 34 bilhões. Desse total, US$ 13,6 bilhões ainda estão à espera de oportunidades de investimento e US$ 20,4 bilhões foram aplicados. "A expectativa de crescimento dos investimentos em empresas brasileiras por parte de estrangeiros é muito boa. Brasil e China lideram os países com maior tendência de receber aporte de fundos de private equity", afirma Alexandre Pierantoni, executivo responsável pela área de private equity da PricewaterhouseCoopers.

O especialista diz ainda que as eleições deste ano não irão afetar o ânimo dos estrangeiros. O executivo acrescentou que a participação dos fundos de private equity em operações de fusão e aquisição vem crescendo com o passar dos anos. De acordo com Pierantoni, em 2006 a participação foi de 11% nas transações anunciadas, subindo para 15% em 2007, 20% em 2008, 31% no ano passado e, por fim, 42% em 2010, até o mês de agosto.

Dentre os setores da economia brasileira, Pierantoni afirma que os investimentos permanecem os mesmos, mas com tendência de ampliação para setores estratégicos. "Os setores que mais receberam aportes foram os de tecnologia da informação, mineração, e alimentos e bebidas", diz. Mas o executivo destaca os principais setores que já vêm recebendo aportes e que terão ampliação de recursos: logística e infraestrutura (portos, aeroportos e petróleo e gás). Entre os setores que estavam fora dos planos e receberão uma expansão de recursos, estão varejo e serviços (educação e saúde). Outro ponto destacado pelo executivo foi a forte alavancagem que os fundos de private utilizavam antes da crise. "Os fundos estrangeiros trabalhavam alavancados, ou seja, trabalhavam em cima de dívidas, enquanto os fundos que operam no Brasil investiam apenas os recursos que eram captados", finaliza o especialista.

Um estudo da Ernst & Young diz que o Brasil está emergindo como um dos destinos mais atraentes para investidores de private equity, graças à vastidão do mercado do País, ao crescimento rápido e a uma população cada vez mais rica. De acordo com o estudo, intitulado "Private Equity no Brasil: Pronto para seu Momento ao Sol", tanto empresas brasileiras como estrangeiras estão levantando recursos para investir no mercado brasileiro.

O estudo diz que nos últimos três anos foram levantados mais de US$ 5 bilhões para os fundos que investem no Brasil, e que 15 novos fundos estão no mercado, buscando um total de US$ 4,9 bilhões em compromissos para investir. O documento cita estatísticas da Emerging Markets Private Equity Association segundo as quais empresas investiram mais de US$ 1,5 bilhão no Brasil no primeiro trimestre deste ano e estão em via de igualar o nível de 2008 e mais do que triplicar os de 2009. "O status crescente do Brasil nas listas dos investidores de private equity e a proeminência cada vez maior do País na arena global são uma confluência de muitos fatores: demografia favorável, recursos naturais vastos, clima político estável e necessidades significativas de infraestrutura, que estão se combinando para atrair interesse e atividade", diz o estudo da Ernst & Young.

Em termos de tamanho, o Brasil é a 10ª maior economia do mundo, com projeção de longo prazo de que o PIB cresça 4,1% ao ano, em média, até 2014, prossegue o texto, que acrescenta que quase 30 milhões de brasileiros foram adicionados à classe média nos últimos dez anos, o que estimulou a demanda doméstica. O acesso à casa própria também está se ampliando, graças a taxas de juro baixas e a maior acesso ao crédito para o consumidor. Segundo a Ernst & Young, mercados de capital em amadurecimento e a relativa clareza da regulamentação estão contribuindo para as perspectivas de êxito no mercado brasileiro. Empresas brasileiras estão emergindo como compradoras mais ativas, à medida que elas buscam aumentar sua fatia de mercado.