Fundo vai fortalecer cadeia produtiva aeroespacial
Valor EconômicoContar com o apoio de uma companhia âncora e com financiamento de instituições de referência não é mais um negócio fantasia. Trata-se do Fundo de Investimento em Participações (FIP), uma modalidade cujo objetivo é estruturar e fortalecer a cadeia produtiva de determinado setor a partir de uma empresa âncora. O último grande FIP - o aeroespacial - foi lançado em maio com recursos de R$ 131 milhões e a Embraer como empresa âncora. Do patrimônio inicial do fundo participam o BNDESPar, a Finep e a própria Embraer, cada um com R$ 40 milhões; a Desenvolve-SP Agência de Desenvolvimento Paulista (Desenvolve-SP), com R$ 10 milhões, e R$ 1,3 milhão aportados pela Portbank, que é a gestora do fundo.
"O FIP Aeroespacial tem por objetivo fortalecer as cadeias produtivas nacionais nos setores aeroespacial, aeronáutico, de defesa e segurança e integração de sistemas. Trata-se do primeiro fundo de investimentos dedicado a estes setores na América Latina", diz José Filippo, vice-presidente executivo financeiro e de relações com investidores da Embraer. Segundo ele, o "FIP foi estruturado com elementos de corporate venturing, isto é, a partir do esforço corporativo de uma empresa estratégica do setor, no caso a Embraer".
"O fundo é voltado a empresas inovadoras dos segmentos-alvo com faturamento bruto de até R$ 200 milhões ao ano em todo o território nacional. Também poderá investir em startups ou pequenas empresas, com faturamento bruto de até R$ 3,6 milhões/ano no exercício anterior", detalha Filippo.
Segundo o executivo, o "fundo tem um funcionamento típico de venture capital ou private equity". Ou seja, "compra participação minoritária nessas pequenas e médias empresas de base tecnológica com elevado potencial de crescimento e passa a participar no processo decisório da companhia investida com efetiva influência na sua estratégia e gestão, contribuindo para seu desenvolvimento."
"O envolvimento de ícones setoriais é importante para reduzir riscos e motivar empresas e investidores individuais a destinar seus recursos a empresas de base tecnológica", afirma Glauco Arbix, presidente da Finep. Segundo ele, "a meta é reproduzir a iniciativa para cadeias como a de óleo e gás, com a Petrobras, e tecnologia da informação, com alguma empresa importante do setor".
Para Luciano Coutinho, presidente do BNDES, o banco vê, com muita satisfação, essa iniciativa tornar-se realidade. "O apoio a micro e pequenas empresas de base tecnológica, com o suporte de grandes companhias de setores correlatos, tem grande sintonia com o papel do BNDES. Esperamos e estamos trabalhando para que outras empresas sigam o caminho trilhado pela Embraer", completa.
O diretor presidente da Desenvolve SP, Milton Luiz de Melo Santos, informa que a instituição mantém investimentos em três fundos de venture capital. "Investir em pesquisa e em empresas inovadoras é a solução para garantirmos um crescimento sustentável da economia. " Segundo Filippo, o "fundo foi pensado e incentivado inicialmente pela Finep em conjunto com a Embraer no final de 2012". "A Finep tem como uma de suas estratégias para fomentar a inovação tecnológica no país, a utilização de empresas ancora de cada setor, como apoio ou parceiras em iniciativas deste tipo."