Fundo do Canadá vai aplicar mais no Brasil
Valor EconômicoA gestora de recursos do fundo de pensão do Canadá está abrindo um escritório em São Paulo para prospectar novas oportunidades de investimentos na América Latina. Com US$ 190 bilhões em ativos sob gestão, o Canada Pension Plan Investment Board (CPPIB) administra os recursos da previdência básica (equivalente ao nosso INSS) de 18 milhões de canadenses.
O fundo já tem US$ 4,9 bilhões aplicados na região, US$ 2,3 bilhões só no Brasil. Segundo o presidente global do CPPIB, Mark Wiseman, a ideia é diversificar o portfólio e aumentar a fatia de aplicações na região. No Brasil, o foco dos investimentos é no mercado imobiliário, em fundos que compram participações em empresas (private equity) e em infraestrutura. Wiseman cita investimentos em portos, energia elétrica e estradas.
"Temos uma visão de longo prazo e nossa estratégia é alocar capital onde há déficit de investimentos", disse o presidente da gestora, que está no país esta semana para inaugurar o novo escritório. Questionado sobre a desconfiança atual de investidores estrangeiros em relação às economias emergentes, Wiseman é categórico: "Não somos 'hot money'".
Segundo ele, as economias desenvolvidas já não oferecem tantas oportunidades de investimentos no horizonte de aplicação que demanda um fundo de pensão, por isso a necessidade de diversificação. Segundo ele, momentos de volatilidade de curto prazo como o atual em ativos de mercados emergentes, não pautam a estratégia de aplicação do fundo, mas sim as perspectivas de longo prazo das economias em que investem.
"Não estamos olhando o que vai acontecer no Brasil no próximo trimestre, mas sim nos próximos 25 anos", afirma. Ele observa que o país tem uma economia e uma população de classe média em crescimento e que, por isso, a expectativa é "extremamente" positiva para o Brasil no longo prazo.
Sobre as eleições deste ano, ele se diz menos preocupado com quem vai ganhar o pleito, mas sim com o caminho que o país está trilhando. Ele cita como fatores importantes a liberalização da economia, um ambiente regulatório estável e condições para o aumento da renda da população. "Não nos importamos se o governo A ou B está no poder. Nossa principal preocupação é em qual direção o país está", afirma.
O escritório do Brasil é o quarto da gestora fora do Canadá. Em 2008, inauguraram o de Londres e de Hong Kong e, no mês passado, abriram um em Nova York. A ideia, segundo Wiseman, é ficar mais próximo de seus parceiros de investimentos. Do patrimônio de US$ 190 bilhões do fundo, 34,7% está alocado no Canadá, 31,4% nos Estados Unidos, 16,7% na Europa, 11,3% na Ásia, 2,8% na Austrália e 2,7% na América Latina.
Wiseman não quis estimar em quanto os investimentos no Brasil e na América Latina vão aumentar, apenas disse que vão aplicar "substancialmente mais". Ele observa que apenas com o crescimento natural do fundo o volume já cresce. A projeção é de que o patrimônio alcance US$ 465 bilhões em 2030.
A gestora aposta na incorporação imobiliária no Brasil, basicamente por dois motivos: primeiro, o desenvolvimento da população de classe média impulsiona a demanda por espaços voltados ao varejo e, segundo, o crescimento da economia no longo prazo requer oferta de espaços industriais. Por isso, a carteira imobiliária do fundo no país é concentrada em imóveis comerciais e voltados ao varejo e logística.
Para seus investimentos aqui, que também incluem fundos de ações e de estratégia macro, o fundo tem parcerias com as gestoras Tarpon, Dynamo, Squadra e BTG Pactual, além de empresas do setor imobiliário, como a Cyrela e a GLP. Também tem investimentos diretos, como a participação de 27,6% na Aliansce Shopping e 25% no Botafogo Praia Shopping.