24/09/14 14h26

Fundo da Caixa deverá investir R$ 500 milhões na Estre

Autorização para adquirir 10% da empresa de saneamento inclui exigências como venda de subsidiárias

Folha de S. Paulo

A Estre Ambiental, líder do setor de coleta e tratamento de lixo no país, deverá ter autorizado nesta quarta (24) um investimento de R$ 500 milhões do Fundo de Investimento do FGTS, controlado pelo governo.

Após quase 18 meses de análises, a compra de 10% do capital da Estre foi autorizada pela área técnica da Caixa, responsável por gerir o fundo, com várias restrições.

A empresa, que tem uma dívida de R$ 1,8 bilhão, terá que vender duas subsidiárias, renegociar sua dívida e renovar contratos para coleta e tratamento de lixo.

A compra da Estre virou uma guerra entre dois gigantes empresariais do país, o grupo Odebrecht e o banco BTG Pactual.

Conforme a Folha informou em maio, a Odebrecht, que também atua em saneamento, ameaçou os gestores do fundo com penalidades caso aprovassem o investimento na Estre, apontando conflito de interesses.

O BTG, um dos principais acionistas da Estre Ambiental desde 2010, defendeu que não haveria necessidade de restrição. Em seu relatório, a área técnica da Caixa não viu conflito de interesses.

Mas, uma semana depois do relatório pronto, foi feito um adendo onde constava que a Estre não poderia entrar na área de saneamento. A Folha apurou que foi um pedido da própria Estre.

A solução acabou agradando os dois grupos, que estão entre os maiores doadores da atual campanha eleitoral (o BTG doou R$ 6,750 milhões, sendo R$ 5,50 milhões à campanha da presidente Dilma; a Odebrecht doou R$ 9 milhões, sendo R$ 3 milhões à campanha da presidente).

CONSOLIDAÇÃO

 Desde 2008, a Estre vem adquirindo empresas do setor num processo de consolidação que elevou suas dívidas e, segundo o relatório da Caixa a que a Folha teve acesso, levou à "deterioração das margens [lucro]" e deixou a empresa com "alavancagem" acima da média do mercado.

A Estre também enfrenta um revés com um de seus maiores clientes, a Petrobras. Desde 2011, a empresa começou a perder terreno na estatal e só conseguiu R$ 80 milhões nos últimos três anos.

A Caixa informou que fez análise e diligências na Estre.

Segundo o banco, os investimento do FI têm garantido retornos que correspondem a até 133% da meta estabelecida para ele. BTG, Odebrecht e Estre não comentaram.