19/09/23 13h45

Fruta muito popular, banana tem forte produção na região Noroeste

Fruta mais popular do mundo, a banana se destaca com mais de mil variedades; no Brasil, a produção é ampla e na região de Rio Preto as espécies nanica e maçã são as mais cultivadas

Diário da Região

Produtores e especialistas apontam as variedades de banana que são as preferidas do mercado e do consumidor, garantindo renda ao negócio no campo. Entre as que são amplamente cultivadas e mais consumidas, as cultivares nanica, prata, maçã, ouro e terra estão entre as principais, em um universo de mais de mil espécies. No Noroeste paulista, produtores afirmam que optam por plantios de nanica e maçã, sendo a região de Jales a que mais apostou no cultivo da fruta.

Originária de clima tropical e de países asiáticos, algumas variedades de banana são mais resistentes ao clima, como a maçã, e outras, como a nanica, precisam de mais água, sendo necessário o manejo com o sistema de irrigação. “A nanica é a mais exigente em termos de água e o produtor precisa cultivá-la com o uso de irrigação, embora a chuva também seja importante para a produção”, conta Gilberto Pelinson, agrônomo do Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR), de Jales.

Como é época de entressafra - período de menor oferta e produção de menor qualidade - para o cultivo no Sudeste paulista, as bananas também não se desenvolvem tão bem por conta do clima seco e da falta de luminosidade para garantir frutas de calibre mais volumoso. No supermercado, o consumidor encontra bananas menos vistosas, especialmente pela queda de qualidade entre os meses de junho a outubro.

Retorno financeiro

De acordo com dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA), em levantamento realizado em junho deste ano, a previsão é de que a produção de banana deverá atingir 1,1 mil toneladas no estado de São Paulo na safra 2022/2023. A área total de cultivo é de 52,7 mil hectares, sendo que as regiões de Jales, Votuporanga, Registro e Presidente Venceslau ampliaram áreas de cultivo, o que representa 51,6% do total do estado. A cultura da banana, segundo os pesquisadores do IEA, é atrativa aos produtores devido ao retorno rápido do capital investido.

Em Jales, o agrônomo Gilberto Pelinson destaca que a produção de banana-maçã predominou durante muitos anos. Porém, atualmente, ele diz que os produtores estão mais interessados no plantio da banana-nanica. “Apesar de necessária a implantação da irrigação para o cultivo da nanica, muitos produtores deixaram de cultivar a banana-maçã por conta da doença, conhecida como mal do Panamá”.

Causado por um fungo, que pode sobreviver por mais de 20 anos no solo, o mal do Panamá provoca perdas de 100% da produção, mais suscetível nas plantações de banana-maçã. Segundo Gilberto, esse é um dos fatores de os produtores deixarem áreas de plantios atingidas pela doença e cultivarem a banana, especialmente a maçã, em outras propriedades rurais.

Produção de nanica é maior 

Existem muitas cultivares de bananas distribuídas em plantações de mais de uma centena de países ao redor do mundo, com características próprias, como tamanho, cor e sabor. Segundo Edson Nomura, pesquisador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), a produção de banana do tipo nanica envolve 60% da produção brasileira da fruta, seguida por 40% de produção da prata.

“No estado de São Paulo ainda há uma preferência de consumo pela banana-nanica, além de o preço da prata ser duas vezes maior do que o da nanica, o que pode explicar também a preferência por conta de questões econômicas”, diz Edson.

Conforme o pesquisador, os produtores aderem mais ao plantio da nanica pelo fato de essa variedade ter maior produtividade. Em relação à banana-maçã, o preço é mais interessante para o produtor, porém tem o problema da fusariose da bananeira (mal do Panamá). As demais variedades, como ouro e terra, têm consumos mais regionalizados e, segundo o pesquisador, os produtores não cultivam essas cultivares em grande escala. (CC)

Produção garantida o ano todo

Produtores da região de Jales estão satisfeitos com as plantações da banana, renda que, segundo eles, é garantida durante o ano todo. Além da produção comercializada entre o mercado interno, em supermercados de várias cidades paulistas, os agricultores também produzem a banana para programas de políticas públicas do governo estadual (merenda escolar e presídios).

No sítio em Santa Salete, o fruticultor Wilson Minucci da Silva Júnior cultiva 60 mil plantas de banana-nanica, com produção atual de 30 mil bananeiras. Ele conta que cultivou por muitos anos a variedade da banana-maçã, mas desistiu pelos prejuízos causados pela doença do mal do Panamá.

“Plantei a banana- maçã por muitos anos, mas por conta da doença que é mais sensível nesta variedade, deixei de plantar. E também, o preço da banana-maçã é mais alto no mercado, tem consumo menor”, afirma o produtor. Wilson diz que a nanica tem um mercado mais seguro e menos suscetível à doença.

Os preços pagos na roça, nesta safra, foram bons para os produtores. Wilson diz que nesta época de entressafra e de dias mais frios, a qualidade da fruta cai, então fica mais difícil de comercializar uma fruta boa para o mercado. “Os preços pagos, entre R$ 2,70 e R$ 3,00 estão bons, mas temos os insumos mais caros, que compramos antes de ter a queda dos preços do adubo”, diz o produtor.

Investimento de 30 anos na produção com a banana, José Roberto Pródomo, de Marinópolis, mantêm as cultivares nanica e maçã em áreas de plantação. A variedade maçã é a principal, com 180 mil plantas da fruta, e 22 mil bananeiras de nanica. “A banana-maçã tem sim o problema com a doença, mas é mais fácil de manejar, não tem que ficar desbastando como a nanica”.

José Roberto conta ainda sobre a rentabilidade que a banana-maçã prevê. “A caixa da banana-maçã (16 quilos) custa entre R$ 60 e R$ 70. É boa essa faixa de preços porque com essa variedade tenho menos mão-de-obra e não tenho gasto com a irrigação, o que compensa na lucratividade”, ressalta. 

 

Fonte: https://www.diariodaregiao.com.br/economia/agronegocio/fruta-muito-popular-banana-tem-forte-produc-o-na-regi-o-noroeste-1.1899377