25/06/08 15h00

Frigoríficos já esticam o olho para a Wessel

Valor Econômico - 25/06/2008

Os capítulos da recente e agitada história da consolidação no mercado de carne bovina parecem estar longe do fim. Depois de buscar negócios para garantir escala e diversificação, agora, frigoríficos do setor e empresas que entraram há pouco no segmento de bovinos concentram esforços à procura de marcas fortes e valorizadas. Após a aquisição dos tradicionais embutidos Hans e Eder, pela Arantes Alimentos, um dos novos alvos no setor é a sofisticada Wessel, empresa de cortes nobres de carnes, criada há 50 anos. A "sondagem" à Wessel começou no fim do ano passado, quando seu proprietário István Wessel foi procurado por companhias do setor interessadas em sua empresa. A Wessel Culinária & Carnes não está à venda, afirma o empresário, mas "não há por que não avaliar [propostas]", acrescenta. Num mercado tão efervescente, em plena consolidação, esta pode ser a hora certa para "fazer esse tipo de negócio", admite. A Wessel vive um forte crescimento nos últimos anos, segundo ele. Hoje, a empresa produz 100 toneladas de carne por mês, 50% mais do que há cinco anos. A receita, que István não divulga, dobrou no mesmo período. Diante do assédio de interessados, Wessel contratou uma consultoria especializada em fusões, aquisições e restruturação, a Alvarez & Marsal, para assessorá-lo. O que atrai na Wessel é a marca forte, que praticamente virou sinônimo de cortes especiais de carne bovina no Brasil, como já se disse tantas vezes. Pelo menos cinco empresas já sondaram a Wessel - três frigoríficos de carne bovina, uma indústria de alimentos, que entrou há pouco tempo em bovinos, e uma companhia de alimentos estrangeira. O nome dos interessados é mantido em sigilo. O trabalho da Alvarez é pensar modelos de negócio para a Wessel. Mas, seja uma eventual fusão ou venda, de uma coisa István não abre mão: continuar gerindo a marca. O empresário avalia que dentro da estrutura de uma grande companhia, a produção da Wessel poderia ser multiplicada por cinco. "Não vendo a empresa pelo preço que ela vale, só pelo que ela não vale (...) pelo que ela valerá", afirma ele. Hoje, 75% do faturamento da Wessel vem das vendas de cortes de carnes - com o conceito de porções controladas - ao food service, desde hotéis e restaurantes sofisticados, como Fasano, até redes de fast food, como o Wraps. São 700 estabelecimentos em todo o Brasil. O restante da receita vem das vendas vem do varejo. A Wessel está em 40 supermercados - em mais de 30 lojas do Pão de Açúcar, em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, a empresa tem um "corner" próprio. A empresa também mantém uma loja própria, na capital paulista, no mesmo local há 34 anos. Para produzir seus cortes, a Wessel adquire carne bovina dos frigoríficos Bertin e Marfrig - este, aliás, é dono de outra marca gourmet de carne, a Bassi. A carne comercializada pela Wessel hoje é proveniente de bovinos resultante de cruzamento entre animais nelore e europeu.