17/02/22 11h43

Franquias se reformulam e crescem mais que o esperado em 2021

Investimento em novos formatos, como fez a Cacau Show (foto), no digital e adaptação rápida à alta da inflação levaram o setor a superar perdas, crescer 10,7% e fechar o ano faturando R$ 185 bi

Diário do Comércio

Em 2021, o franchising brasileiro faturou R$ 185 bilhões, uma alta de 10,7% que foi responsável por consolidar sua curva de recuperação, praticamente igualando o desempenho ao de 2019. 

Ainda que esteja ligeiramente abaixo do crescimento do período pré-pandemia (-0,9%), o desempenho do setor no ano passado ultrapassou as projeções iniciais de alta estimadas em 9%, conforme dados do Balanço do Franchising 2021, divulgados nesta quarta-feira, 16/02, pela Associação Brasileira de Franchising (ABF). 

A readequação das redes, que passaram a investir em novos formatos e a reforçar a digitalização foram alguns dos fatores que influenciaram esse desempenho, segundo André Friedheim, presidente da ABF. 

Mas a rápida tomada de decisão para se adaptar ao cenário de alta da inflação e queda na renda foi essencial para melhorar a eficiência das operações. Como exemplos, 67% ajustaram preços com repasse de apenas 30%, e 58% alteraram produtos, serviços e reposicionaram marcas de acordo com o atual momento de consumo. 

O levantamento aponta ainda que outras 44% trocaram de fornecedor para adequar os custos à operação e administrar os reflexos da alta dos preços. Com isso, foi até possível acelerar o crescimento, ou abrir novos nichos de atuação, gerando um aprendizado profundo em um curto espaço de tempo, destaca Friedheim. 

"O franchising criou novos formatos para superar a crise, pôs o cliente no centro e reformulou processos de acordo com os novos hábitos de compra da população, colocando a omnicanalidade para funcionar." 

SEGMENTOS, REDES E OPERAÇÕES 

Todos os segmentos do franchising apresentaram crescimento em 2021, segundo o Balanço da ABF, com destaque, pelo segundo ano consecutivo, para Casa e Construção (19,3%) e Saúde, Beleza e Bem-Estar (10,5%). 

Porém, em termos absolutos, a maior variação foi em Entretenimento e Lazer, que registrou alta de 21,2%. Um dos mais afetados pela pandemia, o segmento começou a se recuperar tardiamente nos últimos três trimestres de 2021, mas ainda não retomou patamares de 2019, destacou Friedheim. 

Hotelaria e Turismo teve uma recuperação disseminada ao longo do ano passado, fechando em alta de 19% e sendo o segmento que mais cresceu no 4º trimestre (+15,8%). A retomada das viagens, alguns eventos e do fluxo nos aeroportos, muito relacionados ao avanço da vacinação, contribuíram com este movimento. 

Já Moda, que cresceu 15,2%, foi impulsionado pela retomada do movimento nos shoppings, pela maior maturidade dos canais digitais e pela retomada gradual dos hábitos dos consumidores. 

Limpeza e Conservação registraram elevação de 14,7%, e Alimentação – Comércio e Distribuição cresceu 12,5%  beneficiado pela maior demanda por itens básicos e os recursos injetados pelo auxílio emergencial. Por fim, ainda acima da média do setor, aparece Serviços e Outros Negócios, com alta de 11,1%.  

"Os resultados apontam para um crescimento mais sólido e mais equalizado em todos os segmentos, mostrando que o mercado de franquias registrou uma recuperação homogênea", reforça o presidente da ABF. 

A movimentação levou o número de redes a crescer 8% em 2021, chegando a 2.882, ante uma projeção inicial da ABF de 2%. Lyana Bittencourt, CEO do Grupo Bittencourt, creditou a alta aos novos players nascidos no digital, e às operações tradicionais que passaram a enxergar o franchising como um canal interessante de distribuição. 

Além dessas novas franquias que operam somente on-line, e das microfranquias home based, Friedheim reforça que as redes já consolidadas também puxaram esse crescimento - caso da Cacau Show, que abriu 500 unidades em 2021 ao investir em modelos menores e operações em contêineres para ocupar novos mercados. 

Também acima da projeção inicial de 5%, o balanço indica alta de 9,1% no total de unidades franqueadas, totalizando 170.999 operações. Esse é o saldo entre o número de unidades fechadas, que cresceu 14,6% ante 2020, o de unidades encerradas, que aumentou 5,5%. Já os repasses aumentaram 2,8% no ano passado.  

Para 2022, a ABF projeta alta de 9% no faturamento, totalizando R$ 201.724 bilhões. Já o número de redes deve subir 5%, o de unidades, 7%, e os empregos, 5,5%, chegando a 1.481 milhões de postos de trabalho. 

Como desafios para este ano, Lyana Bittencourt aponta a necessidade de as redes adotarem estratégias de governança para continuarem a sustentar esse crescimento, assim como a implantação de práticas de ESG. 

"Mas isso não deve ficar só no discurso. É adotar os processos certos, atuar com as pessoas certas e fazer o acompanhamento de quem entra para manter a qualidade das operações e continuar nesse ritmo." 

NOVIDADES ENTRE AS 50 MAIORES 

A ABF lançou a edição 2021 das 50 maiores redes de franquias do Brasil de acordo com o número de unidades. O Boticário continua na primeira posição, com 3.652 operações e uma ligeira variação de 0,9% ante 2021. 

Já a Cacau Show trocou de lugar com o McDonald's e passou a ocupar a segunda posição no ranking. Puxada por novos formatos e o plano de expansão agressivo, a rede de "cacau lovers" cresceu 19,2%, passando de 2.371 unidades para 2.827 ao firmar parceria com a Modularis Building para abrir duas lojas, em média, por dia. 

Ainda no ranking das 10 maiores, uma das novidades é a entrada da rede Gazin Bijouterias, franquia home-based de semijoias que estreou no ranking no 4º lugar, ao abrir 2.083 novas unidades no ano passado. E ainda, em 9º, a Seguralta, de corretagem de seguros, que passou de 1.325 para 1.682 unidades, crescendo 26,9%. 

fonte: https://dcomercio.com.br/categoria/negocios/franquias-se-reformulam-e-crescem-mais-que-o-esperado-em-2021