09/11/21 12h04

Campinas: franquias faturam R$ 1,8 bi na cidade

No Estado, Campinas perde somente para a Capital em número de marcas em atividade

Jornal Correio

Impulsionada pelo crescimento do setor de serviços e pela retomada econômica proporcionada pela vacinação em massa contra a covid-19, Campinas tornou-se o segundo berço de franquias do Estado de São Paulo, perdendo comente para a Capital. Atualmente, as franquias instaladas no município responderam por um faturamento de R$ 1,8 bilhão somente no segundo trimestre deste ano, valor que representa 4,4% do total auferido pelas empresas do segmento no Estado. Os dados são da Associação Brasileira de Franchising (ABF), a partir da pesquisa mais recente de desempenho das marcas que operam por meio de franquia. Segundo a ABF, o Brasil fechou 2020 com 156.798 unidades de franquias espalhadas por seu território. Juntas, essas empresas tiveram faturamento de R$ 167 bilhões. 

Ao todo, de acordo com o levantamento da ABPF, Campinas abrigava 1.843 marcas franqueadas no primeiro semestre deste ano, índice que equivale a 4,3% do total de marcas presentes em São Paulo. A pesquisa confirmou também que as franquias proporcionam a geração de 17 mil empregos diretos na cidade. A pesquisa revelou, ainda, que Campinas está atrás apenas da Capital, que apresentou um crescimento de 8,66% no número de marcas de franquias no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2020. Dez segmentos de mercado apresentaram crescimento no número de franquias, mostrando que Campinas expandiu e diversificou as empresas do gênero. 

A tendência natural da cidade para atuar no segmento de serviços, principalmente nas áreas de alimentação e educação, sustentou o bom desempenho da metrópole nessa área, a despeito dos impactos econômicos provocados pela pandemia de covid-19. No primeiro semestre de 2021, houve um aumento de 3,35% no número de franquias em Campinas, com o registro de 1.696 marcas no primeiro semestre do ano passado. Este crescimento se manteve, principalmente, em função das vendas pelos sistemas delivery e drive-thru, que sustentaram parte dos negócios, mesmo com muitos estabelecimentos fechados. Com a vacinação em massa na população e a consequente flexibilização das medidas sanitárias, esse número cresceu para 1.843 marcas no primeiro semestre deste ano - avanço de 8,66%.

Silvana Buzzi, diretora executiva da ABF, reforçou que o avanço da imunização da população e a consequente diminuição das medidas de distanciamento social, somados à melhora da economia de forma geral, foram os principais impulsionadores dessa performance positiva das franquias. Além disso, outros fatores, como a digitalização dos canais de venda e a alta dos índices de confiança empresarial e do consumidor, também ajudaram a fortalecer esse desempenho. 

Em termos de franquia, o segmento de serviços apresentou o desempenho mais consistente em Campinas. Antes da pandemia, o município registrava 96 marcas no primeiro semestre de 2019. Em 2020, eram 114 (19%) no mesmo período. Este ano, a presença foi ainda mais ampliada, com 190 marcas, um crescimento de 67%. A área específica de casa e construção também não se abalou com a pandemia e manteve um ritmo de crescimento contínuo no município. Na primeira metade do ano de 2019, antes da pandemia, eram 89 marcas de franquia neste segmento. No ano seguinte, houve um crescimento de 19%, com 109 marcas no mesmo período. Este ano, o avanço foi de 12% no primeiro semestre, alcançando 119 marcas. 

Silvana destacou que um fator de sucesso das franquias em Campinas deve-se ao segmento de Alimentação, que é um dos mais fortes na cidade. Este setor reúne muitas marcas e não teve queda ou fechamentos. "Mesmo com a pandemia, ele apresentou um crescimento baixo, o que representa um grande trunfo", comentou. Entre janeiro e junho de 2019, Campinas contabilizava 621 marcas na área de alimentação, passando para 628 em 2020 e a 651 em 2021. 

A ABF destacou outra área importante em Campinas em termos de franquias: a da educação. "O mesmo desempenho de crescimento baixo foi percebido nas franquias dessa área, que manteve aulas on-line e aulas pelo sistema híbrido", disse Silvana. O segmento somava 144 marcas na cidade no primeiro semestre de 2019, 153 no ano passado e159 este ano. 

Um exemplo de que a pandemia não afetou a franquia educacional é uma escola que oferece cursos de mecânica, instalada no bairro Botafogo. Sandra Nalli, franqueadora da escola, disse que conseguiu manter as atividades por conta da estrutura bem planejada. "É uma franquia de impacto social, que tem como objetivo principal a formação de jovens de baixa renda em busca de mercado trabalho, fator que se manteve bem intenso antes e depois da pandemia", comentou. 

Além dos cursos profissionalizantes em mecânica, a escola criou também o "projeto mecânico", que consiste em fazer as conexões dos alunos com empresas e oficinas de reparação automotiva da região, para inserção no mercado dos profissionais formados na escola. "É um aplicativo que faz esta conexão, sem custo algum, porque não exige despesas dos alunos, nem das empresas", explicou. 

Sandra ressaltou que a pandemia não afetou tanto seu negócio porque uma franquia bem estruturada em sua gestão evita grandes prejuízos. "Antes de se aventurar em franquias o empreendedor tem que ter um bom plano de negócios e de mercado. Deve verificar o perfil do candidato a franqueado para garantir a mesma qualidade e o mesmo padrão de serviços. É fundamental seguir as diretrizes do plano financeiro e ter todos os processos e padronizações bem definidas para aplicação da gestão", resumiu. Outra dica de Sandra é a busca de informações junto ao Sebrae e consultorias em franquias para, depois, colocar em prática o empreendimento. 

Nanofranquia é boa opção para o pequeno investidor 

Modelo, que está em expansão, exige disponibilidade de no máximo R$ 25 mil 

A nanofranquia surge como uma das mais novas opções de baixo investimento para se abrir uma empresa. A alternativa exige investimento de até R$ 25 mil e gera faturamento proporcional ao valor investido. O principal interessado nas nanofranquias é o empreendedor que não pode ou não quer desembolsar muito dinheiro para abrir uma empresa. Além disso, essa pessoa pode se registrar como Microempreendedor Individual (MEI). Um MEI encontra menos burocracia para abrir um negócio. 

Grande parte das nanofranquias segue o modelo home office. Normamente, atuam na área de prestação de serviços, como cuidadores de idosos e profissionais que realizam manutenção elétrica e hidráulica, além de atividades de jardinagem. Até alguns anos atrás, o mercado contava com as franquias e as microfranquias. Estas últimas são negócios que possuem investimento preliminar de até R$ 90 mil. Com a crise econômica dos últimos anos, porém, este nível de investimento, que já foi considerado baixo, se tornou impraticável para muitos empreendedores, o que fez surgir as nanofranquias. 

Silvio Bigon, proprietário de um restaurante tradicional no bairro Taquaral, disse que utilizou sua experiência como gestor para implantar a ideia e adotou o sistema de nanofranquia. "O projeto exige baixo investimento, já que os principais equipamentos são o forno e um equipamento para abrir as massas de pizzas. O investidor pode locar, pagando os custos com a própria operação", explicou. Outra vantagem é que, quando a demanda crescer, não precisa vender um equipamento para comprar outro. Basta pedir ao locador a troca por um maior. "O microempresário vai necessitar somente de uma geladeira e um freezer para armazenar a matéria-prima. No início, é possível usar equipamentos domésticos", justificou. 

A franqueadora vai fornecer tudo já manipulado e embalado a vácuo, incluindo a massa pronta. O nanofranqueado tem somente o trabalho de montar, assar e entregar, o que exige um espaço muito pequeno, na ordem de 10 m², que pode ser uma garagem, uma cozinha grande ou um pequeno salão. Outro ponto importante é a economia com a mão de obra, uma vez que não exige pizzaiolo, forneiro ou outro tipo de profissional especializado. "Com apenas duas ou três pessoas já dá para começar o negócio. Basta ter vontade de trabalhar e vencer nesse momento de retomada", garantiu Bigon. 

O processo prevê uma margem atrativa para o nanofranqueado e pouca preocupação operacional. A franqueadora oferece tudo pronto e a pessoa tem que fazer apenas as compras de hortifruti. "De compras, o investidor só precisa dos ingredientes frescos, como cebola, tomate, manjericão e rúcula. Todo restante ele recebe pronto", explicou Bigon. O sistema proporciona fluxo de caixa para as compras das mercadorias. Tudo ajustado a partir da visão de gestão de restaurantes, com a simplificação da operação de compras e estoque. 

fonte: https://correio.rac.com.br/campinas-e-rmc/2021/11/1139315-franquias-faturam-rs-18-bi-na-cidade.html