04/09/23 14h36

Franquias de Rio Preto faturam R$ 300 milhões no 1º trimestre do ano

Setor de franquias fatura mais de R$ 300 milhões em Rio Preto no 1º trimestre; cidade abriga sedes de diversas franqueadoras e desperta o desejo de outros empresários para transformarem e expandirem seus negócios

Diário da Região

Berço de diversas franquias para os mais variados gostos, Rio Preto abriga 36 marcas com sede, tanto dentro quanto fora da cidade, com 210 em pleno funcionamento, sendo 1.423 ativas no primeiro trimestre deste ano, um aumento de 5% em relação ao mesmo período de 2022. Mas em uma cidade que tem o empreendedorismo sempre em ebulição, muitos rio-pretenses pensam em transformar seus negócios em franquias e esbarram num tema chave: quando promover esta mudança.

Esse aumento no número de franquias de um ano para outro se traduz em um faturamento 7% superior em comparação ao ano anterior, totalizando uma receita de R$ 305,2 milhões somente no primeiro trimestre. No mesmo intervalo, o índice de empregos no setor também aumentou em 8%, atingindo um total de 11.894 postos de trabalho ocupados. Esses números correspondem à base de dados das marcas associadas à ABF.

Diante da perspectiva otimista, um empreendedor interessado pode se questionar: Toda empresa pode se tornar uma franquia? Especialistas em formatação e expansão afirmam que sim, contanto que a empresa atenda a alguns requisitos básicos para embarcar em uma operação tão complexa. Para avaliar a viabilidade do negócio, é essencial conduzir uma análise detalhada para evitar riscos que possam resultar em prejuízos para todas as partes envolvidas.

O processo de franqueamento se torna desaconselhável, sobretudo quando a empresa enfrenta dificuldades financeiras ou não gera margens de lucro satisfatórias, e quando o sucesso do negócio está intimamente ligado ao proprietário. "Não é viável tentar replicar um negócio que dependa fortemente de você e que dificilmente outros consigam reproduzir. Um exemplo notório são os restaurantes que, ao franquear, apenas fornecem a receita ao franqueado, resultando frequentemente em resultados idênticos, visto que os franqueados não conseguem reproduzir com a mesma qualidade e, acima de tudo, com custos semelhantes", alerta Leone Schultz, diretor comercial da Acelerando Franquias.

Por outro lado, se a empresa vem apresentando lucros consistentes nos últimos dois anos e possui processos bem definidos, já está apta a considerar a expansão. "Uma das maiores vantagens de se tornar um franqueador é que sua marca pode se expandir rapidamente, alcançando todo o país e competindo de maneira mais eficaz com grandes concorrentes, graças à redução de custos de produtos, fortalecendo a capacidade de negociação com fornecedores, além de atrair investidores que buscam maior segurança em seus investimentos", afirma Bruno Zanetti, CEO do Grupo ZNTT.

Conforme o especialista, para a empresa se tornar uma franqueadora, o investimento necessário para o processo de formatação e consultoria empresarial gira em torno de R$ 60 mil, incluindo o registro junto à Associação Brasileira de Franchising, órgão regulador. No que diz respeito ao lucro proveniente das vendas, o franqueador receberá remuneração pelo uso da marca e transferência de know-how através da taxa de franquia, variável conforme o modelo e a complexidade do negócio. Também receberá royalties, que normalmente têm uma taxa de até 10% sobre o faturamento bruto da unidade e variam.

Requisitos básicos 

Confira os requisitos básicos resumidos para a formatação de uma nova franquia

Registro de Marca: a empresa deve ter sua marca registrada ou, no mínimo, depositada no INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial) para garantir que possa ser licenciada para franqueados, evitando possíveis conflitos futuros com terceiros

Modelo de Negócio Validado: é crucial que a empresa tenha um modelo de negócio validado e que seja lucrativo. Isso dá confiança aos possíveis franqueados de que eles estão investindo em um conceito já testado e
bem-sucedido

Escalabilidade: A empresa deve ser capaz de replicar seu modelo de negócio em diferentes localidades. O negócio deve ser estruturado de forma que possa ser operado por outras pessoas, em outras regiões, mantendo a consistência e a qualidade

Padronização: O negócio deve ser capaz de ser padronizado. Isso significa que produtos, serviços, procedimentos operacionais e a imagem da marca podem ser consistentemente replicados em todas as franquias

Logística: Dependendo do segmento em que a empresa atua, é vital pensar em como será a logística de abastecimento das unidades franqueadas. Isso pode incluir questões que vão além da escolha de fornecedores, como por exemplo as particularidades regionais, como diferenças tributárias, preferências locais e acessibilidade a determinados produtos ou materiais

Uma vez implantada, a franqueadora deverá assumir certas responsabilidades com seus franqueados, destacando-se tarefas como: Treinamento; Manuais Operacionais; Sistemas de TI; Marketing e Publicidade; Seleção de Local; Assistência Jurídica; Rede de Fornecedores; Apoio na Gestão de Recursos Humanos; Consultoria de campo; Convenções e Workshops.

Investidores têm amplo leque de opções

O mercado de franquias amplia cada vez mais o leque de possibilidades para atrair empreendedores que desejam investir no segmento. Atualmente, existem opções que vão de cerca de R$ 5 mil à casa dos milhões. Normalmente, os modelos de negócios comercializados por valores mais atrativos são aqueles mais voltados à prestação de serviços, sem os custos com estoque e manutenção de um espaço físico.

Conhecimento em determinado nicho de mercado somado à necessidade de uma recolocação profissional pode ser a chave de grandes oportunidades. Foi diante deste cenário que Carlos César Schaibe fundou a Stockzero. Ele foi demitido após quase duas décadas trabalhando no mercado varejista como representante, gerente e depois atuando com implantação de softwares em empresas de confecção e calçados.

Com o valor da rescisão, abriu a própria empresa de auditoria de estoque e levantamento de patrimônio e em seguida, fez contato com quatro grandes empresas de confecção da região e fidelizou seus primeiros clientes.

Como as empresas têm unidades em outras cidades do Brasil, o que impõe a necessidade de muitas viagens, surgiu a ideia de expandir os negócios através da Stockzero Franchising, um modelo de franquia Home Office. Hoje, empresa comercializa unidades com valor de investimento a partir de R$ 29,9 mil com faturamento médio mensal estimado em R$ 25 mil e payback (tempo de retorno do investimento) de 12 a 18 meses.

De indústria a franchising, a Lumavi passou pelo processo de formatação em 2020 e no ano seguinte lançou seu modelo de negócio. No primeiro ano foram vendidas 8 unidades de franquias. Já de 2022 a 2023, a marca cresceu em mais 56 unidades. Para o próximo ciclo, a expectativa é de sair de 64 unidades para 120 unidades franqueadas até julho de 2024.

O modelo de negócio, com investimento inicial no valor de R$ 17,9 mil é voltado ao mercado de iluminação decorativa, residencial, comercial, industrial e técnica. O foco é 80% vendas e 20% relacionamento.

“Enxugamos o investimento inicial e criamos uma operação triangular, na qual o franqueado não precisa investir em estoque ou espaço físico. Temos um time de arquitetura especializado em Light Design, que faz os projetos para os franqueados, além de uma equipe que dá o suporte de marketing, vendas e operações diárias”, explica Matheus Camargo, que gerencia a franqueadora ao lado do irmão Vitor Camargo, ambos como sucessores do fundador Caubi Camargo.

 

Fonte: https://www.diariodaregiao.com.br/economia/riopretoeregiao/franquias-de-rio-preto-faturam-r-300-milh-es-no-1-trimestre-do-ano-1.1520058