Frango brasileiro domina mercado
Gripe aviária alavancou exportação nacional, que escanteou a americana
Estado de S. PauloOs avicultores terão muito que comemorar neste fim de ano. Nos primeiros nove meses de 2015, as exportações brasileiras de carne de frango aumentaram 4,8% em relação ao mesmo período do ano passado. Isso equivale a 3,2 milhões de toneladas embarcadas e uma receita 26,6% maior: que resultou em R$ 17,3 bilhões.
Como consequência dos bons resultados, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, o Brasil assumiu a liderança do ranking dos principais exportadores, passando os Estados Unidos, que ficaram com a segunda posição. A União Europeia ocupa o terceiro lugar, e Tailândia, o quarto. De acordo com o Ministério da Agricultura, atualmente o País detém cerca de 40% do share global. Até 2020, a expectativa é que a produção nacional de carne de frango seja responsável por 48,1% das exportações mundiais.
O Brasil é o único entre os principais produtores globais de carne de frango sem registro de caso de gripe aviária. A doença já se espalhou por 35 países. O pior surto foi nos Estados Unidos, atingido pela influenza – infecção viral, em particular a cepa H5N2 –, que matou cerca de 50 milhões de aves. Embora a contaminação para humanos seja rara, cerca de 40 nações restringiram ou proibiram as importações americanas. O resultado, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), foi a queda de 8% do share do país no comércio global, agora com 25% do mercado internacional.
O vírus abriu portas para o mercado brasileiro. Nos primeiros sete meses deste ano, as exportações nacionais de carne de frango aumentaram 0,7% em relação ao mesmo período do ano passado. Foi em julho que o País bateu recorde histórico com a venda de 447,2 mil toneladas de peças, um volume 17,2% maior que o registrado em 2014.
“Todos confiam no frango brasileiro: trata-se do único grande produtor e exportador que não sofre de influenza aviária”, afirma Ricardo Santin, vice-presidente de aves da ABPA. Essa imunidade é devida às características naturais do País, que está fora da rota de aves migratórias transmissoras, assim como uma sólida política de sanidade do setor. De acordo com Santin, o Brasil vende para mais de 158 países. O mais novo mercado que se abre é o Japão, que anunciou este mês que irá comprar ovos do Brasil.
A China também vem aumentando sua participação. Em julho foi a segunda nação que mais aumentou as importações brasileiras – transformando-se na quarta maior compradora. Levou 13 mil toneladas (ou 59%) a mais em relação ao saldo do mesmo período em 2014, atingindo 35 mil toneladas.
Um imprevisto, no entanto, fez com que as exportações nacionais tivessem queda em setembro. O mês fechou com uma retração de 0,3% em relação ao volume embarcado em 2014 devido à greve dos fiscais federais agropecuários, iniciada no dia 15. A carga ficou parada nos portos, aguardando liberação, o que gerou atrasos e acarretou custos logísticos maiores. Apesar disso, com o fim da greve, a previsão é de que as exportações retomem o fôlego. “O negócio do frango veio para ficar”, diz Santin. De acordo com ele, há ainda alguns desafios, como a instabilidade da taxa de câmbio, a falta de infraestrutura do País, que encarece custos logísticos, e o processo de mecanização das indústrias. No entanto, afirma que a tendência é continuar crescendo: “No último trimestre, o único setor que apresentou bons resultados foi o de carnes.”