26/04/11 14h40

Fornecedor de redes vê retomada de projetos

Valor Econômico

Depois de um 2010 magro, os fornecedores de equipamentos para redes de telecomunicações esperam uma retomada dos negócios neste ano. As projeções dos fabricantes sinalizam uma expansão de 10% a 20% para o mercado brasileiro em 2011. Parece óbvio que seja assim, já que a economia brasileira está mais aquecida que a média mundial, mas essa relação nem sempre é direta. No ano passado, apesar da alta de 7,5% no Produto Interno Bruto (PIB) e dos bons resultados colhidos pelo país em vários setores, o mercado de equipamentos para telefonia encolheu 9%, segundo a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).

Em 2010, a Oi reduziu drasticamente seus investimentos para dar conta de uma dívida pesada. Na subsidiária da Telefônica no Brasil, muitos projetos ficaram em compasso de espera enquanto a operadora tentava adquirir o controle total da Vivo. Os mexicanos da Embratel e da Claro também se recolheram em meio a reestruturações internas. Ninguém deixou de investir, mas as contratações foram menores do que os fabricantes esperavam. Agora, o cenário é outro. Nas últimas semanas, consolidou-se a entrada da Portugal Telecom na Oi, operação que injetou mais de R$ 6 bilhões (US$ 3,75 bilhões) no caixa da companhia. A integração entre os dois maiores ativos da Telefónica de España no Brasil - a Vivo e a Telesp fixa - está em andamento. E já se nota alguma movimentação no mercado em torno do nascente Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), mesmo com as dúvidas que ainda cercam o projeto.

Paralelamente, a demanda por banda larga fixa e, principalmente, móvel está forçando as teles a abrir a carteira e investir mais. O tráfego de dados por meio das redes de telefonia móvel está dobrando a cada ano, o que requer mais investimentos em capacidade e alcance das redes. "Hoje, todo mundo está conectado, usando aplicativos. Isso vai alavancar o crescimento", diz Ricotta, da Ericsson. A companhia de origem sueca, com fábrica no Brasil, cresceu 12% em 2010, na contramão do mercado, e espera ao menos manter esse patamar em 2011. De acordo com a Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil), o país atingiu, no fim de março, 38,5 milhões de conexões de banda larga fixa e móvel. O número sinaliza um crescimento de 51,5% em 12 meses. Os acessos à internet por meio das redes de celular foram os grandes responsáveis por esse salto: as conexões via modens sem fio ou smartphones aumentaram 77,7% e chegaram a um total de 24,4 milhões.

A retomada do setor ficou mais evidente a partir de março. "A colocação dos pedidos foi mais tardia, mas eles começaram a chegar em março. Daí em diante houve um aquecimento significativo", afirma o vice-presidente da Abinee para telecomunicações, Paulo Castelo Branco, que também é vice-presidente do conselho de administração da Nec no Brasil. Os sinais positivos são acompanhados com expectativa pela associação, pois telecomunicações foi a única área representada pela Abinee que teve retração no ano passado. Grande parte dos investimentos em infraestrutura programados pelas teles deverá ser destinada às redes de banda larga.