14/12/07 11h01

Ford de São Bernardo renasce com o início da produção do novo Ka

O Estado de S. Paulo - 14/12/2007

Às vésperas do Natal de 1998, a Ford demitiu, por carta, 2,8 mil funcionários, quase metade da mão-de-obra em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. A medida deflagrou uma longa greve, a dos "golas-vermelha", envolvendo o pessoal da produção. Às vésperas do Natal deste ano, todos os empregados - agora apenas 2,1 mil - foram convocados para evento inédito que ocorre hoje: o lançamento, na própria fábrica, do novo Ka, modelo com a qual a marca espera se aproximar das três maiores montadoras brasileiras. Nos nove anos que se passaram entre um Natal e outro, a Ford, quarta maior empresa do setor, saiu de uma crise que quase fechou a fábrica do ABC para se tornar a montadora mais rentável do País. O grupo registra 15 trimestres de lucro na América do Sul, região em que o Brasil é líder de mercado. O resultado foi puxado principalmente pelo sucesso de vendas dos modelos Fiesta e EcoSport, feitos na fábrica da Bahia, inaugurada em 2001. Mas a unidade de São Bernardo, em operação há 40 anos, teve papel importante nessa virada, embora só agora tenha sido preparada para produzir um carro de grande volume - que será o mais barato da marca, a partir de R$ 25 mil (US$ 14 mil), segundo lojistas. A Ford decidiu fazer o lançamento do Ka na própria fábrica, contrariando estratégias adotadas por ela mesma e por concorrentes de apresentar veículos à imprensa em locais turísticos, como Costa do Sauípe (BA), Camboriú (SC) e Manaus (AM). O novo Ka, totalmente diferente do atual, disputará mercado com Chevrolet Celta, Fiat Palio, Volkswagen Gol e Renault Clio, chamados carros de entrada (ou populares). O novo Ka foi desenvolvido no Brasil, numa parceria entre montadora, fornecedores de peças e trabalhadores, que participaram de processo de criação, incluindo estratégias para corte do custo de produção. Parte do investimento no projeto, R$ 300 milhões (US$ 168,5 milhões), veio em forma de devolução, pelo governo do Estado, de crédito do ICMS retido da exportação.