Foodservice deve crescer, em média, 7% ao ano até 2028, prevê estudo
A afirmação vem de um estudo realizado pela Redirection International
Mercado e ConsumoO setor de foodservice deve crescer, em média, 7% ao ano até 2028. A afirmação vem de um estudo realizado pela Redirection International, empresa especializada em assessoria de Fusões e Aquisições (M&A). O resultado é baseado em informações oficiais do mercado e nas perspectivas macroeconômicas para os próximos três anos.
O estudo mostra que o desempenho previsto está acima da média anual de aproximadamente 6% registrada entre 2014 e 2023, levando em conta e normalizando a variação do setor durante o período pandêmico entre 2020 e 2022.
“O Brasil tem um dos cinco maiores mercados de foodservice do mundo e uma de suas características é a alta fragmentação, com muitos pequenos e médios negócios em funcionamento. Atualmente as 10 maiores redes de restaurantes do Brasil representam entre 10 e 12% do mercado, enquanto em países mais desenvolvidos, como nos Estados Unidos, essa participação chega mais perto de 30%”, analisa o economista Adam Patterson, sócio da Redirection International.
Fatores como o crescimento populacional nos centros urbanos, a ampliação da modalidade de delivery e a transformação digital do setor estão entre as principais causas que estimulam os negócios de alimentação fora do lar, de acordo com o levantamento. O aumento no consumo das famílias, a melhoria no índice de confiança do consumidor vista nos últimos meses e os índices de emprego também favorecem a expansão do segmento, que tem registrado uma participação cada vez maior de redes de franquias, bem como de Restaurantes de Serviço Completo (FSR), com a presença das principais marcas do mercado em diferentes regiões do País.
De acordo com informações do Instituto Foodservice Brasil (IFB), em 2023, o mercado brasileiro era composto por aproximadamente 1,6 milhão de estabelecimentos em atividade, com faturamento de R$ 217,6 bilhões.
Estagnação da economia
Uma possível estagnação da economia pode restringir os investimentos no setor, que também tem que lidar com altos custos operacionais e com as mudanças nos hábitos alimentares dos consumidores, que exigem mais resiliência dos empreendedores.
“Este setor está se beneficiando da grande população urbana do Brasil, do aumento da renda disponível e da crescente preferência por refeições prontas. Os principais propulsores incluem avanços tecnológicos, como plataformas de entrega e sistemas de pagamento digital, juntamente com mudanças em direção a opções de alimentos mais saudáveis”, alerta Adam Patterson.
O estudo da Redirection International aponta que entre as tendências que devem estimular o crescimento do setor estão:
- Implantação de soluções tecnológicas desde a cadeia de fornecimento até o atendimento ao cliente e a integração entre o físico e o digital.
- Programas de fidelidade dos clientes.
- Busca por uma alimentação orgânica e mais saudável.
- Aumento da preferência do consumidor por estabelecimentos socialmente responsáveis e ambientalmente sustentáveis, com políticas de desperdício zero.
“As perspectivas permanecem positivas, com potencial de expansão impulsionada por investimentos dos grandes grupos e franquias. No entanto, desafios como altos custos operacionais, contratações de mão de obra e pressões inflacionárias devem ser gerenciados para manter o ímpeto”, complementa.
Transações no setor
Recentemente, o setor de foodservice registrou grandes transações. Entre elas, o estudo destaca a aquisição da Fazenda Churrascada (holding de cinco restaurantes) pelo Heat Group em maio deste ano, e a compra do Grupo Irajá (dono da Rainha, Princesa e outros bares) pela Alife Nino, em abril. No mesmo mês, foi anunciada a negociação em andamento da Zamp (dona do Burger King no Brasil) para operar o Starbucks no Brasil e, em março, o Grupo Rão (detentor de 23 marcas) anunciou a aquisição da rede carioca de hambúrgueres artesanais Bob Beef.
Patterson destaca que as fusões e aquisições têm sido uma das estratégias para acelerar o crescimento de empresas de foodservice, não apenas no varejo, mas também na distribuição.
“À medida que as empresas buscam capitalizar em escala, simplificar as cadeias de suprimentos e atender à crescente demanda por serviços digitais e de entrega e dark kitchens, esperamos ver um aumento de fusões e aquisições em vários segmentos, principalmente em marcas fast-casual e focadas em entrega, bem como retailtechs. O setor está pronto para a consolidação, pois as operadoras buscam fortalecer sua posição no mercado em um ambiente altamente competitivo”, conclui.