First Data investe R$ 380 mi no Brasil
Valor Econômico
Com R$ 330 milhões investidos no Brasil desde 2012 - e a promessa de aportar mais R$ 50 milhões até o fim do ano - a credenciadora de cartões americana First Data tenta montar no país uma estrutura para fazer frente a Cielo e Rede (ex-Redecard). Uma ambição longe de ser trivial, como já descobriram as também americanas Elavon e Global Payments, duas empresas que, desde 2011, se esforçam para atingir o mesmo objetivo e enfrentam grandes obstáculos.
"Há sim espaço no mercado brasileiro para um novo participante", afirma a presidente da First Data no Brasil, a americana Debbie Guerra. A executiva afirma que a expectativa da empresa, que serviu de base para sustentar investimentos no país, era ter entre 5% a 10% do mercado no fim de 2018. Contudo, depois de conversas com lojistas, acha possível chegar até 10% a 12% de participação no período.
Em janeiro, a First Data anunciou uma aliança com o Banco Cooperativo do Brasil (Bancoob), que oferece serviços financeiros para cooperativas de crédito, para operar na captura de transações com cartões no varejo. Era um projeto que a empresa vinha tentando tirar do chão desde o fim do monopólio de Cielo e Rede para capturar as bandeiras Visa e MasterCard no Brasil, em 2010, sem encontrar um parceiro.
A First Data contratou 200 funcionários no Brasil, e tem mais 35 chegando em 2014. Entre os nomes, estão Henrique Capdeville, ex-Rede, e Rosa Puzzuoli, ex-Cielo. É um número de funcionários comparável ao da Elavon, que chegou ao país em 2011, em parceria com o Citi, e que hoje não chega capturar 1% das transações com cartão do mercado.
A First Data começará a publicidade de sua nova marca para o varejo - chamada Bin - em setembro, e espera ter até 500 estabelecimentos já credenciados nessa fase inicial. Os esforços iniciais serão concentrados em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Segundo a executiva, a companhia já está em conversas com uma varejista de maior porte, com 6 mil lojas, para dar o salto inicial de volumes.
Se a credenciadora aposta forte no Brasil, sua situação internacional é um tanto mais delicada. Em 2013, a companhia teve prejuízo líquido de US$ 869,1 milhões, com o pesado grau de endividamento da companhia limitando sua operação. Em junho, o fundo de private equity KKR e um grupo de investidores institucionais concordaram em injetar US$ 3,4 bilhões na empresa, para reduzir a dívida de US$ 24 bilhões que acumula.
A executiva voltou a afirmar que a First Data não fará guerra de preços no mercado, mas admite que taxas promocionais serão usadas para dar o impulso inicial à operação. Ela cita um sistema mais amigável para o lojista e a combinação entre a captura de cartões e programas de automação comercial para varejistas como atrativos potenciais. É algo semelhante ao que a Cielo tenta desenvolver na joint venture que firmou com a Linx, anunciada em junho.
Os R$ 380 milhões de investimento no Brasil também serviram para que a companhia montasse no país dois centros de processamento de dados, em parceria com a IBM. Apenas para fins de comparação - um tanto injusta, talvez - a Cielo orçou R$ 500 milhões para serem investidos em 2014.
A First Data espera que as contratações ajudem a compensar a falta de uma rede de distribuição bancária robusta. Algo fundamental para competir com Cielo, que conta com Banco do Brasil e Bradesco, e Rede, que tem o Itaú Unibanco, ou mesmo o Santander. A Elavon, parceira do Citi, fechou uma aliança com a Caixa, que também distribui máquinas da Rede e da Cielo. A Global Payments, que chegou ao Brasil via parceria com o Banco de Brasília (BRB), aliou-se ao Banco do Nordeste, neste ano.