13/06/10 11h02

Financiamento aquece vendas de pesados

O Estado de S. Paulo

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está batendo recordes no financiamento de ônibus e caminhões, turbinando as vendas dos segmentos. Só nos primeiros quatro meses de 2010, o banco financiou R$ 8,42 bilhões (US$ 4,7 bilhões) em caminhões, quase 70% do total registrado no ano passado. Já o crédito para ônibus alcançou R$ 1,7 bilhão (US$ 944,4 milhões), mais da metade do aprovado em 2009 inteiro. A grande escalada se deu no programa Procaminhoneiro, com juros camaradas de 4,5% anuais e prazo de até oito anos para autônomos e pequenas empresas: R$ 3,12 bilhões (US$ 1,73 bilhão) foram emprestados até a primeira semana deste mês, três vezes mais do que em todo o ano passado. O resultado disso é o movimento nas concessionárias, onde alguns clientes têm de esperar para retirar caminhões. Segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), 57,8 mil caminhões foram vendidos entre janeiro e maio deste ano, 20 mil a mais do que no mesmo período de 2010.

Depois do baque da crise internacional, em 2008, a concessão de crédito do BNDES voltou a subir, puxando junto as vendas, com a redução dos juros da linha Finame, para aquisição de máquinas e equipamentos, no segundo semestre do ano passado. Mesmo com o aquecimento, as condições especiais serão mantidas para ônibus e caminhões até o fim do ano. A Fenabrave espera fechar 2010 com alta nas vendas de 35,8% sobre os 109 mil caminhões vendidos no ano passado. Para o segmento de ônibus, a previsão é de 26,5 mil unidades vendidas este ano, expansão deve ser de 17,2%. "O financiamento recuperou o setor de caminhões e a procura é cada vez maior", diz Sérgio Reze, presidente da Fenabrave. Ele admite que a entrega está apertada, mas diz que as filas nas concessionárias eram maiores no ano passado e foram amenizadas pelo desvio da produção de exportação para o mercado interno. Para ele, o crédito está viabilizando a compra de veículos de maior valor agregado por empresários e caminhoneiros, estimulados também pelo aumento dos serviços a reboque da recuperação acelerada da economia.

Para o chefe do Departamento de Máquinas e Equipamentos do BNDES, Paulo Sodré, não é apenas o crédito barato que está movimentando o setor. "Os incentivos recuperaram a tendência anterior à crise. A matriz de transportes brasileira é rodoviária e o crescimento demanda mais caminhão", diz. Além da Finame, o BNDES também estimula o setor de ônibus com linhas para exportação, especialmente para países em desenvolvimento. Graças ao financiamento de US$ 40 milhões do BNDES, boa parte do público da Copa chega ao estádio de Johanesburgo, na África do Sul, em ônibus brasileiros. O operador do sistema de vias expressas de ônibus do tipo BRT, criado pela cidade africana, comprou 143 ônibus fabricados pela Scania no Brasil, com carrocerias da brasileira Marcopolo, para a primeira fase do projeto, incluindo a bilhetagem. Para Paulo Castor, gerente do Departamento de Indústria Pesada do BNDES, a demanda por investimentos similares no Brasil para a Copa de 2014 e a Olimpíada do Rio aumentam as perspectivas do mercado de ônibus, que, como o de caminhão, estimulam investimentos das montadoras.