30/04/15 13h28

Financiamento ajuda na atuação internacional

Valor Econômico

No mercado desde 1994, a fabricante paulista de produtos de apicultura Novomel começou a atuar no mercado internacional seis anos depois, em 2000, atendendo pedidos pontuais de importadores. A partir de 2007, entretanto, os embarques ao exterior passaram a fazer parte do plano estratégico da empresa. A primeira exportação "oficial" teve como destino a China um ano depois, com a venda de mel de alta qualidade em tambores para envasamento local. A estratégia em apostar no mercado chinês deu certo e atualmente a Novomel já distribuiu o produto em 15 localidades chinesas.

"Tradicionalmente, 99% das exportações brasileiras de mel são feitas em tambores de 300 quilos a granel. Decidimos ir na contramão e envasar o produto no Brasil, em embalagens de 500 gramas, com nossa própria marca e rotulagem em inglês. Somos praticamente a única empresa brasileira que exporta produto envasado com marca própria", diz o proprietário da Novomel, Carlos Pamplona Rehder. O sucesso naquele mercado levou a empresa a ampliar a lista de destinos atendidos, que atualmente inclui Emirados Árabes Unidos, México, Estados Unidos, Cingapura, Angola e Canadá, neste último, com embalagens do mel em inglês e francês.

As exportações responderam por 20% do faturamento da Novomel em 2014 e a meta, conforme Rehder, é chegar a 50% nos próximos anos. A conquista de diversos mercados exigiu a busca por financiamento, seja para a compra de matéria-prima destinada à produção dos bens para atender o pedido, seja de capital de giro para garantir o caixa enquanto o importador não efetua o pagamento. No caso da Novomel, a estratégia utilizada "desde sempre" é o Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC). Conforme Rehder, a empresa realiza uma média de sete ou oito operações de fechamento de câmbio para exportação ao ano.

Cliente da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil, o empreendedor explica que o funcionamento da linha é simples, mas que é preciso de alguns cuidados ao contratar. "A empresa precisa de um bom histórico para ter acesso à linha. Além disso, o exportador tem que precificar na exportação o juro a ser pago na operação, ainda que ele seja baixo. A margem de exportação já é tradicionalmente apertada porque ao acessar o mercado internacional você compete com o mundo inteiro", explica.

Já a proprietária da fabricante de vestuário masculino Kanzo, Renata Iwamizu, buscou recursos que, se não significarão exportações em um primeiro momento, protegerão indiretamente a empresa assim que chegar o mercado internacional, em 2016. A ideia é exportar peças - ou ainda a tecnologia para ser utilizada por outros fabricantes - com uma solução tecnológica batizada Moovexx, aplicação de elástico embutido no cós (a região da cintura) de calças e bermudas.

"Tradicionalmente o elástico é utilizado apenas em roupas esportivas, hospitalares e pijamas, porque apesar de proporcionar bem-estar, causa enrugamento nas peças e as deixa visualmente pouco atraentes. A tecnologia desenvolvida pela Kanzo permite a confecção de peças que aliam o conforto do elástico com estilo", diz Renata. O caráter inovador da solução, que elimina esse "enrugamento", levou a empreendedora a captar R$ 1,2 milhão junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em janeiro, em uma linha de inovação. O pedido de patente do produto foi depositado, no Brasil, em 2012.

A proteção internacional da patente exige altos investimentos e a empreendedora pretende utilizar parte dos recursos para esse fim. "Já depositamos o pedido de patente em sete países. Para o BNDES, fica subentendido que o fato de estarmos dispostos a proteger a patente internacionalmente significa que pretendemos exportar. Já recebemos consultoria da Apex para desenhar nossa estratégia de internacionalização. Em 2016, iniciaremos a exportação da tecnologia ou do produto acabado."