04/01/10 11h52

Filiais brasileiras ganham espaço e até já vendem mais que as matrizes

O Estado de S. Paulo

O Brasil ganhou importância nas vendas das multinacionais instaladas no País. De cosméticos a caminhões, passando por refrigerantes, chocolates e televisores, as subsidiárias brasileiras se transformaram no principal mercado mundial ou ascenderam no ranking dos países com mais vendas. O crescimento mais acelerado do consumo nos mercados emergentes em relação ao dos países desenvolvidos era uma tendência que vinha se desenhando nos últimos anos. Mas esse movimento se fortaleceu com a crise a partir do último trimestre de 2008. Além disso, deve funcionar como um "ímã" na atração de novos investimentos dessas companhias, interessadas em explorar o potencial do mercado local.

Pela primeira vez em 56 anos, a filial brasileira da Mercedes Benz em 2009 ultrapassou a matriz alemã na venda de caminhões. Isso transformou o País no maior mercado da empresa no mundo. De janeiro a setembro de 2009 foram vendidos no mercado brasileiro 23 mil caminhões. A história se repete na gigante de vendas de cosméticos, a Avon. A companhia informa que o Brasil foi o seu principal mercado entre julho e setembro de 2009. Desde 1958 no País, pela primeira vez o Brasil ultrapassou os EUA, que sempre lideraram o ranking de volume de vendas, tendência que deve ser mantida em 2010.

Na suíça Nestlé, o Brasil ainda não chegou ao topo, mas está quase lá. Segundo a empresa, pelo desempenho parcial de 2009, a companhia se mantém na vice-liderança em volume de vendas, "mas está na iminência de passar da quarta para a terceira posição entre os maiores faturamentos do grupo, tomando o lugar da França." Na Coca-Cola, o Brasil é o quarto maior mercado em volume de vendas, atrás da China. Mas, no terceiro trimestre de 2009, a quantidade de refrigerantes, sucos e chás vendidos no Brasil cresceu 3% em relação a igual trimestre de 2008. A média mundial de crescimento foi de 2%.

O Banco Central projeta investimentos estrangeiros na produção de US$ 45 bilhões em 2010, um salto de 80% em relação a 2009. Na visão do BC, está em curso uma mudança estrutural. As filiais brasileiras deixaram de ser vistas como negócios de segunda linha. "O Brasil virou mercado estratégico para as multinacionais", diz uma fonte do BC.