04/04/23 14h36

Fevereiro teve saldo positivo de empregos em Campinas

Segundo levantamento realizado pelo Novo Caged, do Ministério do Trabalho e Emprego, setor de serviços foi o que mais gerou vagas no mês: 1.665

Correio Popular

O setor de serviços puxou a alta na criação de empregos em Campinas no mês de fevereiro, sendo responsável por oito de cada dez vagas geradas. Os 1.665 novos postos criados por esse segmento teve uma participação de 79,86% no saldo positivo de 2.085 contratações ocorridas no segundo mês deste ano no município, de acordo com o Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

A indústria ficou na segunda colocação na abertura de vagas, com 218, seguida por construção civil (177), agropecuária (20) e comércio (5), revela o relatório. A atendente de cafeteria Érica Nascimento voltou a ter emprego com carteira registrada após cinco anos. "Este ano o mercado de trabalho está melhor", disse ela, ao explicar que não teve dificuldade de encontrar uma vaga após atuar como microempreendedora individual (MEI) nas áreas de limpeza e de cuidado a idosos.

Érica é uma das duas novas contratações de uma cafeteria que funciona há sete meses no Centro. Ela foi inaugurada em setembro passado, com quatro funcionários, número que agora subiu para seis. "Temos a intenção de contratar mais um nos próximos 30 a 60 dias. O aumento do movimento abriu as vagas nos turnos da manhã e da tarde, com o terceiro contratado devendo atuar em um horário intermediário", explicou a gerente da casa, Sabrina Araújo dos Santos. 

Apreensão

O número de empregos criados em fevereiro representou um aumento de 42,03% na comparação as 1.468 vagas geradas em janeiro. Apesar do resultado positivo, o número de empregos criados em Campinas em fevereiro foi o menor para o mês desde 2020. O saldo representou uma redução de 19,59% em relação ao saldo de 2.593 postos criados em fevereiro de 2022. No mesmo mês de 2021, quando o país passava por um período de retomada das atividades após a crise gerada pela covid-19, foram 4.806 novas contratações.

Em fevereiro de 2020, pouco antes do início na pandemia no Brasil, o saldo foi de 1.524 novos postos. A pesquisadora do Observatório PUCCampinas, Eliane Navarro Rosandiski, que realiza estudos sobre o emprego na Região Metropolitana de Campinas (RMC), afirmou que está "apreensiva" quanto os resultados a partir de março. Para ela, a alta na oferta de empregos no setor de serviços em fevereiro foi puxada pelo segmento da educação, em função do fator sazonal do início do ano letivo.

"Março foi marcado pelas férias coletivas na indústria automobilística, que é uma das principais do país, e manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em 13,75%, o que é muito alto, além da apresentação do novo arcabouço fiscal do governo federal. Nós vamos conhecer os reflexos disso somente no final de abril, quando saírem os dados de emprego de março", explicou e Eliane, que é professora da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas. "A indústria, que paga os melhores salários, precisa de um cenário mais positivo para retomar o aumento de produção, de demanda e de contratação", acrescentou a economista.

Para ela, o atual nível da Selic representa um juro real de 6,84% ao ano, o que é inviável para o setor industrial fazer investimentos que resultem em criação de novos empregos. Essa taxa é a mais alta do mundo e leva em conta o desconto da inflação projetada para os próximos 12 meses, tendo como referência o Boletim Focus do Banco Central.

A professora da PUC-Campinas aponta que um exemplo do momento difícil da economia nacional é o saldo de apenas cinco novos empregos do comércio em fevereiro. "O comércio está estável, mas o desempenho está abaixo das expectativas", considerou Eliane. A docente lembrou que o setor já teve vendas abaixo das previsões na Black Friday, Copa do Mundo e no final do ano. Para a economista, o cenário desfavorável da macroeconomia nacional reflete no resultado dessa atividade.

RMC

A Região Metropolitana de Campinas registrou no mês passado a criação de 8.106 novas vagas de trabalho, redução de 7,73% em comparação ao saldo de 8.785 empregos criados em fevereiro de 2022. Apesar da queda, a RMC manteve uma alta representatividade nos postos gerados no Estado de São Paulo. O saldo representou 12,4% das 65.356 novas contratações no segundo mês deste ano em relação a todos os 645 municípios paulistas.

Na região, o setor que mais criou empregos em fevereiro foi da administração pública, defesa e seguridade, com 3.064 vagas. Depois vem a construção (1.185) e informação e comunicação (1.172). Uma construtora de Campinas está com seis edifícios residenciais em construção e tem a previsão de lançar outros três em 2023.

Atualmente, a empresa emprega cerca de 500 trabalhadores, 30,55% a mais do que os 383 de junho passado. As contratações ocorrem em função da aceleração para o término de alguns prédios previstos para serem entregues nos próximos meses e do início de uma nova obra em janeiro. Em apenas um edifício no Centro, que contará com 368 apartamentos, a construtora está investindo R$ 95 milhões.

Entre os 20 municípios da RMC, dois registram queda na oferta de vagas em fevereiro. São eles: Engenheiro Coelho, com o fechamento de 35 postos, e Morungaba, com nove. O melhor resultado foi justamente o de Campinas, com a criação de 2.085 vagas. Depois aparece Indaiatuba (1.087), Paulínia (908), Sumaré (720) e Americana (681).

Atualmente, a Região Metropolitana tem o total 944.717 trabalhadores com carteira assinada. De acordo com o estudo feito por Eliane Rosandiski, o maior número de contratações em fevereiro foi o de pessoas com idade entre 18 e 24 anos, com 3.111 postos criados, que representou 38,38% do total.

Nessa faixa etária, as contratações se concentraram entre as pessoas com o nível de escolaridade médio completo, com salário mensal inicial de R$ 1.717, 94. Esse valor é 21,54% abaixo da remuneração média dos trabalhadores da RMC, que em fevereiro foi de R$ 2.189,58. A única faixa etária que registrou queda na oferta de vagas na Região Metropolitana de Campinas em fevereiro foi a de 65 anos ou mais, com o fechamento de 89 postos de trabalho.

O maior salário médio admissional em fevereiro ficou com o setor de eletricidade e gás - R$ 4.536,71. A segunda colocação foi das empresas de informação e comunicação, com R$ 4.031,35, enquanto a terceira foi ficou com atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados, que pagou R$ 3.282,56. Já o segmento de agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura pagou o menor salário médio inicial, R$ 1.681,55.

O estudo da pesquisadora do Observatório (PUC-Campinas) mostra ainda que a maioria das contratações em fevereiro foi de homens, que ficaram com 4.983 das vagas criadas, o equivalente a 61,5% do total. Já as mulheres representaram 38,5% das contratações, com 3.123 vagas no total.

No Estado de São Paulo, o setor de agropecuária foi o único que teve fechamento de vagas no segundo mês deste ano, -385 vagas. O país encerrou fevereiro com a criação de 241.785 novas vagas de emprego. No Brasil, o desempenho negativo ficou com o setor de comércio e reparação de veículos automotores, com a supressão de 1.235 postos no total.

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