01/04/13 16h00

Ferrovia e cana impulsionam Araraquara

Folha de S. Paulo

Linha férrea e proximidade de centros produtores de matéria-prima agrícola atraem investimentos à cidade paulista

Parceria da Coca-Cola com indiana vai injetar R$ 1 bi em fábrica de composto para embalagens recicláveis

A ferrovia que estimulou o progresso de Araraquara no fim do século 19 é a mesma que ajuda, agora, a impulsionar a economia e a atrair indústrias para a cidade de 210 mil habitantes.

A vocação logística do município, na região central do Estado, tem contribuído para que se torne polo de grandes empresas.

Segundo a ALL, concessionária que administra mais de 21,3 mil quilômetros de ferrovias no país e no exterior, o pátio de Araraquara é o de maior movimentação de composições em toda sua malha. E está em ampliação.

Só neste ano, serão R$ 20 milhões em investimentos, com expectativa de aumentar em 30% os 600 empregos. As obras permitirão maior produtividade e agilidade na movimentação de cargas.

Mas não é só a localização do município que vai garantir investimentos nos próximos anos. A proximidade de centros produtores de matérias-primas como a cana-de-açúcar e a laranja também atrai empreendimentos.

É o caso da Coca-Cola Brasil e da JBF Industries, da Índia, que anunciaram em setembro de 2012 a construção da maior fábrica do mundo para a produção de BioMeg (material feito a partir da cana usado na fabricação de embalagens recicláveis).

A unidade vai consumir R$ 1 bilhão e gerar 1.650 empregos diretos e indiretos.

Quem também está chegando por causa da linha férrea e da cana é a Randon, que vai instalar uma unidade industrial na cidade.

No fim de 2012, o grupo (que atua no transporte pesado de cargas) anunciou investimentos de R$ 500 milhões, com potencial de gerar 2.000 empregos até 2017.
"Araraquara foi escolhida por ser um polo ferroviário e canavieiro", diz o diretor corporativo e de operações da Randon, Erino Tonon.

Araraquara também vai receber investimentos no setor de energia. Em funcionamento, a retransmissora já faz a interligação aos sistemas de Furnas e da Cteep. A subestação recebe energia das usinas de Santo Antonio e Jirau (RO). A rede tem 2.345 quilômetros de extensão e 4.327 torres de transmissão, que atravessam 5 Estados e 85 municípios.

Já foi investido R$ 1,4 bilhão, mas está previsto mais R$ 1,6 bilhão para fazer a interligação para distribuir energia por meio de outros sistemas para regiões como o sul de Minas e parte do Rio.

Campeã em exportação agora também mira o mercado interno

Não são apenas novos investimentos que vão impulsionar Araraquara. As empresas já instaladas na cidade fizeram importantes aportes na última década. E há outras expansões previstas.

A Cutrale, uma das maiores fabricantes de suco de laranja do mundo e responsável por mais de 70% das exportações da cidade, começou a vendar a fruta "in natura" no mercado interno.

Até então, a indústria produzia apenas suco e vendia frutas para o exterior. Segundo Carlos Otero, diretor de relações trabalhistas, foram investidos R$ 4 milhões, com a criação de mais 80 postos de trabalho, com pico de até 600 funcionários durante a safra.

"Apesar da crise [na citricultura], a Cutrale não diminuiu a atividade. Mantivemos a produção e investimos."

A indústria emprega 3.000 funcionários, que chegam a 5.000 no período de safra.

Em 2012, a cervejaria Heineken investiu R$ 30 milhões na fábrica em Araraquara, a segunda maior das oito do país. Hoje, a unidade emprega 300 trabalhadores.

MEIAS
A Lupo, a que mais emprega no município, com 4.700 trabalhadores diretos, planeja investir mais R$ 35 milhões na fábrica em 2013.

A empresa produz mais de 100 milhões de peças por ano, entre meias, roupas íntimas e produtos esportivos.

Hoje, a cidade tem o 133º PIB do Brasil. No Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal, registra uma das maiores notas nos quesitos emprego e renda.

No geral, que inclui itens sociais como educação e saúde, o município está entre os de maior desenvolvimento no país.