FAPESP renova acordo com os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos
Convênio é o primeiro firmado pela entidade norte-americana com um parceiro estrangeiro que cobrirá uma ampla gama de áreas de investigação
FAPESPA FAPESP e os Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês), do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, assinaram em 15 de agosto a renovação de um memorando de entendimento.
Segundo Peter Kilmarx, vice-diretor do Fogarty International Center, do NIH, o acordo de cooperação é o primeiro firmado pelo maior financiador de pesquisa biomédica e de saúde comportamental do mundo com um parceiro estrangeiro que cobrirá uma ampla gama de áreas de investigação.
“Essa é a minha primeira visita ao Brasil, sobre o qual sempre ouvia falar que é parceiro importante de pesquisa para o NIH. E realmente o país é um dos principais com os quais mantemos cooperação. Há mais de 200 colaborações de pesquisa em andamento entre cientistas dos Estados Unidos e brasileiros, apoiadas pelo NIH, sobre diversos temas, principalmente sobre doenças infecciosas. Estamos muito felizes por estar aqui, renovar e reforçar o memorando de entendimento entre nossas instituições”, disse Kilmarx durante visita à FAPESP.
A Fundação mantém desde 2014 um acordo de cooperação com a agência governamental de pesquisa biomédica norte-americana para incentivar propostas conjuntas entre cientistas vinculados a universidades e instituições de pesquisa do Estado de São Paulo com os dos Estados Unidos.
O objetivo da renovação, agora, é aprimorar e ampliar a cooperação em pesquisa biomédica e saúde comportamental entre pesquisadores de São Paulo e dos Estados Unidos, sublinhou Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP.
“A cooperação institucional com o NIH não tem sido tão forte como desejamos nos últimos anos, mas, independentemente disso, os pesquisadores no Estado de São Paulo têm um longo histórico de colaboração em pesquisa com essa instituição. Esperamos, agora [com a renovação do acordo], fortalecer essa cooperação”, disse Zago.
Principal agência federal norte-americana, que conduz e apoia pesquisas médicas básicas, clínicas e translacionais sobre causas, tratamento e cura para doenças comuns e raras, o NIH tem natureza dual, apoiando a pesquisa intra e extramuros, explicou Kilmarx.
A instituição possui 27 centros e institutos de pesquisa, onde trabalham mais de 6 mil cientistas, sendo 83 deles brasileiros. Os centros recebem aproximadamente 10% dos recursos do orçamento do NIH, que totalizam mais de US$ 47 bilhões. “Desses 27 centros e institutos de pesquisa, 15 deles mantêm atualmente cerca de 40 colaborações com o Brasil”, informou Kilmarx.
Além do apoio à pesquisa intramuros, o NIH financia o trabalho e o treinamento de mais de 400 mil cientistas e pessoal técnico de apoio a pesquisa em mais de 2.500 instituições, entre universidades, faculdades de medicina, hospitais e institutos localizados nos Estados Unidos e em diversos outros países, sublinhou o dirigente.
Em média, a agência recebe cerca de 80 mil aplicações para esses recursos por ano, dos quais são selecionados 45 mil. “O apoio à pesquisa extramuros absorve cerca de 81% do orçamento do NIH”, contou Kilmarx.
Colaboração internacional
A China é o país com o maior número de colaborações em pesquisa com o NIH, apontou o dirigente durante um evento promovido em 16 de agosto pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP) para discutir estratégias de aumento da cooperação internacional em pesquisa da instituição.
O país teve o maior número de coautores em artigos científicos publicados por pesquisadores filiados ao NIH entre 2009 e 2017, seguido pelo Reino Unido, Canadá e a Alemanha. Em 2017, 35% de todas as publicações financiadas pelo NIH tiveram um coautor não afiliado aos Estados Unidos, apontou Kilmarx. “O Brasil lidera o número de trabalhos em coautoria com o NIH entre os países de renda média”, acrescentou.
De acordo com o dirigente, há uma série de razões que justificam o interesse do NIH em financiar pesquisas biomédicas no Brasil. Uma delas é porque o país tem populações com genética única e há uma série de descobertas sobre doenças infecciosas que puderam ser feitas aqui nos últimos anos.
“Tudo o que precisávamos aprender sobre o zika vírus, por exemplo, estava aqui. Por meio da construção rápida de colaborações de pesquisa muito fortes, pudemos aprender que essa doença causa microcefalia e também é transmitida sexualmente”, disse o dirigente durante o evento.
O presidente da FAPESP sublinhou que o Estado de São Paulo dispõe de uma infraestrutura robusta de pesquisa em saúde, que é feita em universidades, hospitais públicos e privados e em instituições como o Instituto Butantan.
“Cerca de 40% dos artigos publicados por pesquisadores vinculados a universidades e instituições de pesquisa no Estado de São Paulo têm coautores estrangeiros, dos quais 23% são dos Estados Unidos”, disse Zago.
Também participaram da assinatura da renovação do memorando de entendimento com o NIH Kevin Bialy, diretor de programa regional do Fogarty International Center; Richard Glenn, cônsul-geral dos Estados Unidos em São Paulo; Darryl Turner, cônsul para Assuntos Econômicos, de Meio Ambiente, Ciência, Tecnologia e Saúde; Dailani Carrijo, analista de saúde pública do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos; e Renan Silva, assessor para Assuntos de Meio Ambiente, Ciência, Tecnologia e Saúde do Consulado Geral dos Estados Unidos em São Paulo.
Representando a FAPESP também participaram a gerente de Colaborações em Pesquisa da Diretoria Científica, Concepta McManus Pimentel, Leandro Colli, assessor do diretor científico, e Raul Machado, assessor da Presidência.