16/02/21 11h10

Famerp e Ibilce pesquisam genoma do coronavírus à caça de mutações

Diário da Região

A Faculdade de Medicina de Rio Preto (Famerp) e o Ibilce, campus rio-pretense da Unesp, estão realizando o sequenciamento genético de testes positivos de Covid-19 da região para saber se pacientes contraíram as novas variantes do coronavírus. Até o momento, 25 casos da cepa brasileira que surgiu em Manaus (AM) foram identificados no Estado de São Paulo: 12 em Araraquara, nove na Capital, três em Jaú e um em Águas de Lindoia. 

Segundo o infectologista e integrante do Centro de Contingência do Coronavírus do Estado de São Paulo, Carlos Magno Fortaleza, à medida que aumentam os testes para identificar as variantes da Covid-19, a expectativa estadual é que aumentem a identificação de casos da variante. "Como o exame normal, que faz diagnóstico de Covid, não diferencia variantes, existe uma possibilidade muito grande que essa variante de Manaus já esteja no interior do Estado inteiro", disse o médico. 

Mauricio Lacerda Nogueira, que coordena os estudos de identificação das variantes na Famerp, explica que é esperado que essas cepas cheguem à região de Rio Preto. "O surgimento de variantes é um processo normal. O vírus sofre variações o tempo inteiro e surgem novas variantes e linhagens. Isso é um processo natural", afirmou o virologista. 

As variantes surgem enquanto um vírus vai se replicando. Durante os meses em que a pandemia foi se alastrando pelo mundo, o Sars-CoV-2 foi gerando vírus-filhos com mutações. Assim, um desses "filhotes mutantes" conseguiu gerar uma nova linhagem do vírus (variante ou cepa). Foi o que aconteceu com a cepa identificada em Manaus. Ou seja, o vírus da Covid-19 continua sendo mesmo, mas agora ele tem uma versão alternativa com maior grau de transmissão. "Resumidamente, o vírus está se aprimorando para entrar mais fácil no organismo", completou Magno. 

A médica virologista da Faceres, Carolina Pacca, reforça que com as novas variantes identificadas no Estado de São Paulo é ainda mais importante que as pessoas mantenham as medidas de distanciamento social contra o coronavírus. "O vírus, assim como a gente, quer sobreviver. E, para tentar sobreviver, ele vai se adaptando. É isso que acontece com as variantes da Covid-19. Quanto mais o vírus contamina as pessoas, mais ele reconhece formas", explicou. 

Atualmente, nenhum estudo mostra se alguma das quatro principais cepas da Covid-19 encontradas no mundo são mais infecciosas ou não. Ou seja, se quem contraiu as linhagens apresenta maior gravidade da Covid-19. O que já se sabe é que a variante britânica e a que surgiu em Manaus são mais contagiosas. A eficácia das vacinas - Coronavac e Astrazeneca com a Universidade de Oxford - contra as variantes também está sendo estudada pelos pesquisadores. 

Em Rio Preto, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, nenhum caso de variantes da Covid-19 foi identificado até a tarde desta segunda-feira, 15. "Todos os laboratórios das grandes universidades de São Paulo, inclusive da Unesp de Rio Preto e da Famerp, já estão olhando seus resultados positivos de Covid-19 e estudando para ver se teve algum caso da nova variante", falou Magno. 

Desde o início do mês, o Hospital de Base de Rio Preto recebeu 15 pacientes de Araraquara com Covid-19. Isso porque aquela região estava sem leitos para a doença. Consultado pela reportagem, o diretor-executivo da Funfarme, Jorge Fares, disse que os pacientes permanecem isolados e que não há informações se algum deles seja um dos 12 moradores de Araraquara que tenham sido diagnosticados com a nova variante. "Eles estão isolados como é o procedimento com todos os pacientes de coronavírus", falou Fares. 

fonte: https://www.diariodaregiao.com.br/cidades/2021/02/1222703-famerp-e-ibilce-pesquisam-genoma-do-coronavirus-a-caca-de-mutacoes.html