09/01/12 16h05

Fabricantes de autopeças aceleram investimentos

Brasil Econômico

Aumento de 25% nos recursos visa ganho de escala para melhorar a competitividade da indústria nacional

As companhias que abastecem de componentes a indústria automobilística prevêem ampliar os investimentos em 25% neste ano e somar R$ 4,6 bilhões, ante os R$ 3,7 aportados em 2011. A estimativa é do Sindipeças, que reúne os principais fabricantes do mercado. A necessidade de um aumento tão significativo revela uma fragilidade da indústria: a falta de competitividade brasileira.

Segundo analistas, as autopeças não estão investindo só para crescer, mas também para se manter vivas no cenário nacional. Não é novidade que a China tem um custo de produção cerca de 40% menor do que o Brasil, por isso, para sobreviver no país, as companhias precisam ganhar escala. Reclamações sobre o custo de produção no Brasil ecoaram aos quatro cantos em 2011. O setor clama por medidas urgentes para proteger a cadeia produtiva de componentes de veículos, que amargou um déficit comercial de US$ 4 bilhões até outubro de 2011, e deve encerrar o ano em US$ 4,5 bilhões. Para este ano, o cenário tende a ser mais complicado com previsão de déficit de US$ 5,6 bilhões.

Prova de que a indústria nacional sofre com o aumento das importações é que a participação dos produtos importados no mercado brasileiro é recorde neste ano.Ochamado coeficiente de penetração —que é quanto os itens industriais do exterior representam do total do consumo nacional — atingiu 21,5% no acumulado até setembro, segundo estudo da Confederação Nacional da Indústria.

Isso significa que pouco mais de um quinto de tudo que é consumido no país, como insumos pelas indústrias ou produto final pelas pessoas, vem de fora. Esse índice está em crescimento constante (com exceção de 2009) desde 2003, passando de 12,1% naquele ano para 20,3% no ano passado.

Enquanto o setor vive momento de alerta, o governo federal discute medidas de incentivo à produção nacional e já colocou em prática o aumento em trinta pontos percentuais do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos importados com índice de nacionalização inferior a 65%. Mesmo assim, para o economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) Júlio Gomes de Almeida, o programa de regime automotivo pode atrasar o processo de crescimento das importações, mas não resolve o problema. “O que resolve é ter um câmbio mais razoável para o exportador e reduzir custos de tributos. O dever de casa ainda está para ser feito”, diz.O diretor da regional do Ciesp, Emanuel Teixeira, é mais enfático. “Como o governo vai medir e fiscalizar o percentual de nacionalização dos carros?”, questiona.

Faturamento
Apesar dos problemas com o volume de importações, o setor de autopeças projeta faturamento de R$ 90 bilhões para 2011 e estima alcançar um montante de R$ 94,3 neste ano. Os números de emprego para o setor também são positivos e com 228,8 mil postos em 2011.
Ao passo que este número deve aumentar neste ano, encerrando o período com 233,6 mil empregados nas autopeças do país.