02/06/11 11h19

Fabricantes aguardam análise de projetos para iniciar montagem local

Valor Econômico

De um total de 16 empresas que manifestaram interesse em fabricar tablets no Brasil, três já estão aptas a começar suas atividades. São elas as brasileiras Digibras (braço de informática da CCE) e Gradiente, e a panamenha Greenworld. Todas tiveram projetos aprovados pela Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) para produzir equipamentos na região. Procuradas, as companhias não quiseram falar sobre seus planos. As outras interessadas - um grupo que inclui Samsung, Motorola, MXT, Itautec e Positivo - precisam esperar a aprovação de seus projetos pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Segundo a assessoria de imprensa do MCT, os pedidos da coreana Samsung e da brasileira MXT já foram encaminhados para análise do MDIC.

A fabricação de tablets no Brasil seguirá regras que exigem o uso de componentes fabricados localmente em proporções que variam entre 20% e 95%, segundo o Processo Produtivo Básico (PPB) publicado ontem no Diário Oficial. As quantidades terão evoluções progressivas entre 2011 e 2014 para permitir que a indústria local tenha condições de expandir sua capacidade de produção. Entre os componentes que terão algum nível de nacionalização estão telas sensíveis ao toque, placas-mãe, placas de comunicação sem fio e de acesso à rede de telefonia celular, carregadores de bateria e memórias. O uso de baterias e de gabinetes fabricados no Brasil ficaram de fora das exigências do PPB. Telas de cristal líquido, plasma, ou outra tecnologia e os dispositivos que as tornam sensíveis ao toque também poderão ser importadas.

Neste caso, no entanto, o governo fixou um limite para o uso de componentes não fabricados no Brasil: até 31 de dezembro de 2013. A partir daí, pelo menos 50% dos conjuntos de telas e sensores de toque terão que ser feitos no país. As regras para essa produção serão objeto de um novo PPB a ser publicado pelo governo. De acordo com o PPB publicado ontem, o primeiro item a contar com algum nível de fabricação nacional é a placa-mãe dos tablets. Para desfrutar dos incentivos fiscais, as companhias terão que usar 50% de placas montadas no país já neste ano. O volume crescerá para 80% em 2012 e para 95% de 2014 em diante. Assim como ocorre nos computadores, não será necessário que os componentes sejam fabricados no Brasil. As peças poderão ser importadas e posteriormente integradas em linhas de produção locais.

A expectativa do governo é que a fabricação de tablets com PPB deixe os equipamentos 36% mais baratos. Na avaliação de Luciano Crippa, analista da consultoria IDC, a queda não será tão grande. Para ele, o percentual pode não chegar a 20%. "A conta do governo não leva em consideração custos de produção locais que não fazem parte da composição de preço de um produto que é importado", diz o analista. Com o tempo, no entanto, a competição fará com que os preços caiam de forma mais acentuada, avalia Crippa. No começo do ano, a IDC projetava vendas de 300 mil tablets no Brasil em 2011. Agora, a consultoria trabalha com um número de 400 mil, com perspectiva de alta. Para 2012 a estimativa é de 1 milhão de unidades.