27/12/17 14h07

Fabricante de plástico vê continuidade de retomada

Valor Econômico

A produção nacional de transformados plásticos voltou a crescer neste ano e a perspectiva para 2018 é de ganho de ritmo na retomada, segundo projeção da indústria. Contudo, a melhora dos índices ainda será insuficiente para compensar a queda de aproximadamente 20% acumulada entre 2015 e 2016. "O ponto é que a recuperação começou", observa o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), José Ricardo Roriz Coelho.

Neste ano, o setor de transformados plásticos, que abarca desde produtos mais simples como de uso doméstico a itens complexos, como por exemplo revestimento de aeronaves, deve registrar alta de 2% na produção. Mas ainda serão necessários alguns anos de melhora da atividade para que a indústria volte a operar nos níveis observados em 2014. "Talvez isso aconteça em 2024", diz Roriz.

O início da retomada foi impulsionado pelo maior consumo de transformados na indústria de embalagens e bebidas, de eletrônicos, de máquinas e automobilística. Importante consumidora de produtos plásticos, a construção civil, tanto do lado da infraestrutura quanto no segmento imobiliário, por sua vez, começou a ensaiar uma retomada das encomendas junto aos transformadores. "Deve haver recuperação importante [das compras desse segmento] em 2018", avalia Roriz.

Conforme a Abiplast, a indústria deve encerrar 2017 com aumento de 3,2% no consumo aparente, reflexo do crescimento mais forte das importações. "Poderíamos ter um mercado mais forte, mas os importados estão tomando mais espaço do produto nacional", comenta Roriz. Autopeças com origem na Argentina e utilidades domésticas estão entre os itens com importações crescentes - em 2017, as compras externas de transformados plásticos subiram 18,2%, contra alta de 4,4% das exportações.

A melhora nos níveis de produção já trouxe algum alívio ao emprego na indústria de transformação de plásticos, que fechou cerca de 50 mil postos nos dois anos de crise. Em 2017, indica a entidade, foram abertas mil vagas, o equivalente a crescimento de 0,3%, para algo entre 308 mil e 310 mil empregos no total. Em seu melhor momento, o setor chegou a empregar 360 mil pessoas.

A ociosidade elevada nas linhas produtivas, de cerca de 37% ante 20% da média histórica, deve levar os transformadores a investir em produtividade, antes de partirem para novas contratações. Diante disso, para uma previsão de alta de 3% na produção física e de 4,3% do consumo aparente, o nível de emprego deve subir apenas 0,6% no próximo ano. As estimativas têm como premissa crescimento de 2% do Produto Interno Bruto (PIB).

De acordo com Roriz, a reforma trabalhista trouxe ganhos para a indústria, cujas contratações em 2018 devem seguir as novas regras. Ainda assim, a transformação brasileira segue menos competitiva frente às concorrentes internacionais na esteira dos elevados custos de energia e da matéria-prima.

Em 2016, a receita dos transformadores plásticos caiu 11,1%. No início deste ano, a expectativa era de alta de 1% no faturamento, para R$ 55,8 bilhões. Para a produção física em 2017, a previsão original era de expansão de 1,24%, a 6,32 milhões de toneladas.