Fabricante de não tecidos volta a investir
Valor EconômicoFabricantes de não tecidos instalados no Brasil vão dar início a um novo ciclo de investimentos e planejam desembolsar US$ 60 milhões nos próximos dois anos, para trazer novas tecnologias ao país e ampliar a capacidade produtiva. Nos últimos cinco anos, a indústria já vinha fazendo aportes em atualização tecnológica, porém em ritmo mais moderado, e desembolsou US$ 70 milhões ao longo desse período para instalar equipamentos de última geração.
A nova rodada de investimentos se refletirá em mais modernização do parque industrial e permitirá o lançamento de produtos aptos a competir com as importações. No início dos anos 2000, houve no setor um boom de investimentos, que hoje já estão maturados - a maior parte das linhas em funcionamento no país tem mais de 15 anos.
"A indústria vai ampliar capacidade com produtos de melhor qualidade", diz o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Não Tecidos e Tecidos Técnicos (Abint), Carlos Eduardo Benatto. Os não tecidos são aglomerados de fibras com aplicação sobretudo no segmento de descartáveis higiênicos (fraldas, absorventes e lenços umedecidos) e podem combinar mais de uma matéria-prima, como viscose e celulose do tipo fluff, por exemplo.
O investimento em expansão também é justificado pelo potencial do mercado doméstico. Enquanto em países desenvolvidos o consumo de não tecidos pode superar 8 quilos per capita por ano, no Brasil esse índice é de 1,38 quilo/habitante. Os produtos ofertados naqueles mercados também estão alguns degraus à frente no que diz respeito a inovação e a tendência são os não tecidos solúveis. Essa tecnologia começa a ser importada para homologação em clientes brasileiros.
No ano passado, o consumo aparente de não tecidos no país, segundo dados estimados pela Abint, foi de 283,9 mil toneladas, um mercado de US$ 1 bilhão. A produção local ficou em 275,6 mil toneladas, com exportação de cerca de 32 mil toneladas e importação de 40,3 mil toneladas. Apesar do volume superior das compras externas, explica Benatto, há tipos de não tecidos em que o Brasil é exportador relevante.
A crise, durante 2016, afetou os negócios de não tecidos e o mercado, que está concentrado em cinco grandes fornecedores - entre as quais DuPont, Fitesa e Berry Plastics (antiga Cia. Providência) -, encolheu 8%. A maior pressão, segundo o presidente da Abint, veio da retração das vendas à indústria de bens duráveis. "O mercado segue forte em descartáveis", observa. Para 2017, a expectativa é de crescimento de 3% a 4%, caso se confirme uma expansão de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.
O segmento de tecidos técnicos, que levam matérias-primas químicas, também planeja novos investimentos até 2018, mas abaixo do valor desembolsado nos últimos dois anos: US$ 30 milhões, contra US$ 47 milhões, uma vez que o parque fabril já foi atualizado.
O mercado de tecidos técnicos movimentou no país, no ano passado, US$ 1,7 bilhão, com consumo aparente de 302 mil toneladas. A produção local ficou em 263,3 mil toneladas, com 6,2 mil toneladas exportadas e 45 mil toneladas importadas.