Fábrica de biossimilares da Orygen será em São Carlos
Joint venture entre Biolab e Eurofarma estima investir R$ 500 milhões na construção de planta que nacionalizará a produção de medicamentos para doenças como câncer e artrites
Investe SPPara que o projeto seja viabilizado, contudo, a prefeitura de São Carlos, juntamente com a Câmara Municipal, deverá providenciar a mudança da área escolhida de rural para industrial. A prefeitura deve apresentar um projeto de lei para essa mudança na próxima semana. O objetivo é que a aprovação aconteça até outubro.
Os anticorpos monoclonais são produzidos por células vivas e o sucesso clínico e comercial destes agentes biológicos está transformando a indústria farmacêutica global. À medida que as patentes dessas drogas expiram, existem oportunidades substanciais para que se façam versões altamente semelhantes desses biológicos, designados biossimilares. O interesse no desenvolvimento de biológicos e biossimilares no Brasil tem sido incrementado pelas possibilidades oferecidas com a expiração das patentes nos próximos anos.
Uma vez construída a planta produtiva da Orygen, a empresa planeja iniciar a operação com um total de 110 profissionais dos quais cerca de 50 estarão diretamente envolvidos com os processos técnicos, 28 nas linhas de produção, 20 no controle e garantia de qualidade e 12 em atividades de suporte operacional. Estima-se que mais de um terço de todos os profissionais serão mestres e doutores.
A Investe São Paulo, agência de promoção de investimentos ligada à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação, apoiou a Orygen principalmente no contato com instituições estaduais e concessionárias de serviços públicos. Os projetos ligados à saúde são atendidos com prioridade pela Agência.
“Esse é um momento histórico não só para o Estado como para o País, pois a nacionalização dos biossimilares vai diminuir o déficit de nossa balança comercial nesse setor e facilitar a disponibilidade de medicamentos importantes no SUS. Estamos em contato com a Orygen desde novembro de 2012 e trazer este projeto para o Estado nos enche de orgulho”, explicou o presidente da Investe SP, Luciano Almeida.” A escolha da Orygen por São Carlos foi acertada uma vez que a cidade conta com parques tecnológicos, centros de pesquisa, universidade e mão de obra voltada para a indústria farmacêutica”, completou.
Para a execução do projeto a Orygen fechou uma parceria tecnológica com a Pfizer Inc. cujo acordo de colaboração está em análise pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Após a aprovação do acordo e celebração dos convênios acessórios, a Pfizer iniciará o processo de transferência de tecnologia para a produção de até cinco anticorpos monoclonais para a Orygen, os quais incluem os biossimilares Adalimumabe, Bevacizumabe, Infliximabe, Rituximabe e Trastuzumabe, utilizados no combate a doenças como câncer e doenças autoimunes.
Para a construção da fábrica, a Orygen conta com o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP). A estimativa é de que a planta comece a operar em 2017, com os primeiros medicamentos saindo da fábrica em 2018.
Segundo o diretor científico da Orygen, o bioquímico inglês Andrew Simpson, a Pfizer já está em fase avançada do desenvolvimento desses medicamentos. ”A disponibilidade dos anticorpos da Pfizer no Brasil para a distribuição pelo SUS trará um ganho enorme aos pacientes portadores das doenças que estes anticorpos tratam“, disse.
Para o prefeito da cidade, Paulo Altomani, “o investimento da Orygen será muito importante para a economia e a saúde da cidade, além de gerar muitos empregos. Trata-se de uma empresa de alta tecnologia que, com a autorização da Pfizer, irá produzir anticorpos para o tratamento de câncer e artrite. São Carlos será uma cidade evoluída na área da medicina”, comentou.
Altomani e Simpson reuniram-se na última quinta-feira, 28 de agosto, com o gerente geral da Investe SP, Wanius Ribeiro, e os representantes da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), da Companhia Gás Brasiliano e do Serviço Autônomo de Água e Esgoto São Carlos (SAAE). O objetivo da reunião foi avaliar o fornecimento dos serviços de energia, água, luz e tratamento de dejetos. As instituições garantiram a disponibilidade dos serviços voltados para a implantação da empresa no município.
Estratégia
Há dois anos a Orygen tem a intenção de instalar uma fábrica de medicamentos no Brasil, e a parceria com a Pfizer foi fundamental para a realização desse projeto.
A produção de biossimilares é estratégica para o governo brasileiro, que atualmente importa os medicamentos para distribuição no Sistema Único de Saúde (SUS). Desde 2012, o Ministério da Saúde vem discutindo acordos com diversas empresas brasileiras para a nacionalização desses produtos com apoio do BNDES.
A ideia seria reduzir o déficit da balança comercial de equipamentos médicos e medicamentos, que gira em torno de R$ 25 bilhões ao ano.
Biolab e Eurofarma
A Orygen é uma joint venture integrada pelas empresas sócias fundadoras, a Biolab Sanus Farmacêutica Ltda. e a Eurofarma Laboratórios S.A., cada uma tendo 50% da sua composição acionária.
A Biolab possui duas unidades fabris no Estado de São Paulo, em Jandira e Taboão da Serra, com linhas de produção para sólidos orais, semissólidos e injetáveis, hormonais e não hormonais, linhas de embalagens, áreas de utilidades e tratamento de efluentes. O centro administrativo está localizado na cidade de São Paulo, tendo uma unidade de PD&I (Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação) em Itapecerica da Serra, SP, e outra no CIETEC do Instituto de Pesquisas Energéticas da USP, onde modela e sintetiza novas moléculas (radicais e semi-radicais).
A empresa conta com cerca de 1.900 funcionários, sendo 1.000 na força de vendas e área comercial de acordo com dados de dezembro de 12. A empresa está focada em medicamentos sob prescrição médica nas especialidades de cardiologia, ginecologia, reumatologia, ortopedia, clínica médica, pediatria, endocrinologia, geriatria e dermatologia. Seguindo uma tendência mundial, a empresa também investe em dermocosméticos, desenvolvendo produtos considerando os diversos tipos de climas do país, o tipo de pele dos brasileiros e os recursos naturais da biodiversidade nacional.
A Eurofarma está hoje entre as maiores indústrias farmacêuticas de capital 100 % nacional. atuando nos principais segmentos farmacêuticos de prescrição médica, genéricos, OTC, hospitalar, oncologia, veterinária e serviços a terceiros. A Eurofarma é a segunda marca mais receitada no país. A empresa conta com mais de 5.700 colaboradores e está presente no Brasil e em 14 países da América Latina (Argentina, Uruguai, Chile, Bolívia, Colômbia, Peru, Guatemala, Panamá, Honduras, Nicarágua, El Salvador, Costa Rica, Belize e República Dominicana). A visão da empresa é cobrir 90% do mercado latino americano até 2015.
A Eurofarma registrou crescimento em 2012 e 2013. A receita bruta consolidada da companhia alcançou a marca de R$ 1,9 bilhões, o equivalente a um incremento de 15,1% em comparação ao ano anterior. O Ebitda consolidado aumentou 47,9% em relação a 2011, totalizando R$ 325,1 milhões, ou 19,8% da geração de valor, medida sobre o faturamento líquido. O resultado foi fruto de intenso trabalho, ainda não concluído, de melhorias na estrutura de custos na divisão de soros hospitalares, manutenção das despesas fixas e melhora do desempenho das subsidiárias.