Fábrica da Toyota em Sorocaba vai exportar modelo XLS do Etios para Uruguai e Paraguai
Montadora japonesa pretende ampliar suas vendas para toda a América Latina
Cruzeiro do SulA Toyota anunciou na terça-feira a exportação do Etios, fabricado em Sorocaba, para o Uruguai e o Paraguai. A montadora já vende o modelo na Argentina desde o ano passado. O anúncio foi feito pelo presidente da Toyota para a América Latina, Steve St. Angelo, em coletiva de imprensa no Salão do Automóvel de São Paulo. A exportação para os dois países começa no mês que vem. "Somente o Etios XLS será exportado. Para o Uruguai é um modelo a gasolina e para o Paraguai será o flex", informou ontem a Toyota, por meio da assessoria de imprensa.
A montadora não divulgou qual será o volume de carros enviados para o Uruguai e o Paraguai nos próximos meses. Para a Argentina, a média tem sido de 3 mil unidades por mês (Etios e Corolla). De janeiro a setembro, foram 27 mil veículos da marca vendidos no mercado argentino, um aumento de 20% em relação a 2013, de acordo com a empresa. O Corolla é fabricado em Indaiatuba.
A Argentina e, agora, dois outros países da América do Sul são a primeira etapa do plano da Toyota de se tornar, no Brasil, uma base de exportações para toda a América Latina. E o compacto Etios deve representar o maior volume de exportações. O envio do modelo para a Argentina começou no segundo semestre do ano passado, com 1.600 unidades por mês.
Houve crescimento do Etios na exportação para a Argentina e vendas no mercado interno em 2014. "A previsão para este ano é fechar a produção do Etios em 86 mil unidades, 23% maior do que em 2013", conforme a montadora. Em setembro, foram emplacados 5.695 unidades no Brasil, nas versões hatchback e sedã, 3,5% a mais que em setembro do ano passado.
As duas plantas da Toyota do Brasil, em Sorocaba e Indaiatuba, operam acima das suas capacidades nominais (70 mil unidades por ano em cada uma), a fim de suprir a demanda, diz a montadora. Com o aumento das exportações do Etios e, se for necessário, a fábrica pretende pagar horas extras para ampliar a produção.
Atualmente, a fábrica de Sorocaba tem cerca de 1.500 funcionários, de acordo com a empresa. O Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) informa que esse número chegou a 1.700.
A exportação de carros para a Argentina é feita por via terrestre, em caminhões-cegonha, da mesma maneira que será para o Uruguai e Paraguai. Os três países fazem fronteira com o Brasil. A Toyota constrói, em Porto Feliz, uma fábrica de motores, que tem previsão para começar a operar no primeiro semestre de 2016.
Positivo
O vice-diretor da regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Erly Domigues de Syllos, observa que a ampliação das vendas do Etios no mercado externo é positiva para a cadeia produtiva, que inclui as empresas sistemistas instaladas em Sorocaba e fabricantes de autopeças. Segundo ele, não se sabe ainda se haverá contratações para suprir essa demanda mas, se houver, vão na direção oposta de outras montadoras, que estão suspendendo contratos de trabalho ou dando férias coletivas. Na regional do Ciesp em Sorocaba, o saldo foi de demissões nos últimos dois meses, por causa da desaceleração da economia.
"O anúncio mostra o planejamento a longo prazo da empresa, dentro de uma filosofia oriental", de acordo com Syllos. "A Toyota não sentiu o impacto que outras montadores tiveram, de queda nas vendas", considera. A aceitação do Etios no mercado nacional se deu de maneira gradativa. Num primeiro momento, o design não agradou a todos. A força da marca, com tradição em veículos de qualidade, foi importante para a consolidação do modelo, acredita o vice-presidente do Ciesp Sorocaba.
O vice-presidente do SMetal, Tiago Almeida do Nascimento, vê no plano de exportações da Toyota para a América Latina a possibilidade de novos investimentos em Sorocaba e crescimento de empregos. Segundo ele, as relações do sindicato com a empresa são boas. Em outubro do ano passado, funcionários da fábrica em Sorocaba fizeram a primeira greve, que durou 17 dias. No dia 29 de agosto, o SMetal e a empresa firmaram acordo coletivo que estabeleceu reposição da inflação pelo INPC (6,35%) e aumento real de 2% nos salários.