Exportações reagem nos setores de máquinas e de alta tecnologia
Folha de S. PauloA vantagem competitiva da indústria brasileira no exterior não se restringe aos segmentos ligados a minerais, alimentos e produtos primários. O Brasil se tornou competitivo nos últimos anos em ramos de alta tecnologia, como a indústria aeronáutica, além da produção de motores, equipamentos médicos, carrocerias de ônibus e máquinas alimentícias.
É o caso da catarinense WEG, uma das maiores exportadoras de motores e equipamentos eletroeletrônicos do mundo. A empresa emprega 31 mil pessoas e faturou R$ 9,7 bilhões no ano passado, 24% mais do que em 2014. Hoje, quase 55% da receita vem do exterior, o que tornou a empresa mais resiliente à crise no país.
Com porte menor, a Bralyx Máquinas exporta equipamentos de confeitaria e de produção de massas e salgados para 50 países.
A companhia, que emprega 150 pessoas em São Paulo e fatura R$ 50 milhões, tem quase metade do faturamento no exterior.
A Bralyx começou atendendo a demanda por máquinas de massas para imigrantes italianos no Brasil; hoje, exporta esses equipamentos para a Itália. Replicou a experiência exportando máquinas para quibes e esfihas para o Oriente Médio. Também vende a Portugal máquinas para bolinho de bacalhau.
O caminho da Bralyx para exportação começou ainda nos anos 1990, segundo Gilberto Poleto, presidente da empresa, época em que o real e o dólar tinham praticamente o mesmo valor. "As pessoas perguntavam como podíamos exportar com o dólar a R$ 1. Mas são nesses momentos desfavoráveis, como o atual, que nos preparamos para crescer", disse Poleto.
Especializada em máquinas cortadoras a laser, a Welle Tecnologia é uma antiga start-up que hoje lidera a exportação de equipamentos de corte de precisão no mundo. A empresa, que fatura mais de R$ 10 milhões, surgiu numa incubadora de Santa Catarina, recebeu recursos do Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), órgão ligado ao Ministério de Ciência e Tecnologia, e depois do BNDES. No ano passado, abriu um escritório na Suíça para servir de plataforma para negócios internacionais.
Importação
A situação dos exportadores, no entanto, esbarra no alto grau de insumos importados utilizados. No setor farmacêutico, mais de 90% da matéria-prima vem do exterior. Embora as vendas tenham crescido, as empresas sentiram diminuição nos ganhos devido ao aumento de custos, disse Nelson Mussolini, presidente do Sindusfarma (sindicato da indústria farmacêutica de SP).