13/07/23 14h28

Exportações na RMC batem recorde no primeiro semestre

Vendas somaram US$ 2,79 bilhões, 1,84% superior ao realizado em 2022

Correio Popular

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) alcançou um recorde de exportações no primeiro semestre deste ano, atingindo um valor acumulado de US$ 2,79 bilhões (R$ 13,42 bilhões). Esse montante é 1,84% maior do que os US$ 2,74 bilhões (R$ 13,18 bilhões) registrados em 2022, que era o recorde anterior. Esses dados são provenientes do estudo Balança Comercial da Região Metropolitana de Campinas, elaborado pelo Observatório PUC-Campinas com base em relatórios do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

Segundo o responsável pelo levantamento, o economista Paulo Ricardo da Silva Oliveira, professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC) Campinas, as empresas das 20 cidades da RMC estão mantendo suas atividades, apesar das perspectivas negativas no início do ano. O aumento nas exportações está sendo impulsionado por produtos de alto valor agregado, como tratores, medicamentos e automóveis de passageiros.

No primeiro semestre deste ano, a balança comercial da Região Metropolitana registrou um déficit de US$ 4,37 bilhões (R$ 21,01 bilhões), uma queda de 23,06% em comparação com os US$ 5,68 bilhões (R$ 27,31 bilhões) do mesmo período em 2022. Essa redução foi causada pela diminuição das importações na RMC, que totalizaram US$ 7,16 bilhões (R$ 34,43 bilhões) no primeiro semestre, uma queda de 14,97% em relação aos US$ 8,42 bilhões (R$ 40,49 bilhões) acumulados nos primeiros seis meses de 2022.

Crescimento

Em relação ao crescimento, uma empresa líder no mercado de impermeabilização investiu recentemente R$ 210 milhões na expansão de sua fábrica em Itatiba, que agora também concentra a produção que antes era realizada em São Paulo. Esse investimento resultará na criação de 600 novos empregos nos próximos 12 meses, e as primeiras contratações já foram realizadas. Essa transferência e modernização do processo de produção faz parte do plano da empresa de aumentar as exportações para a América do Sul e outros continentes em 50% a curto prazo.

Presente há 30 anos na Bolívia e Paraguai, "avaliamos que agora é o momento de expandir e construirmos novas parcerias para levarmos a marca e o nosso propósito a outros países", explicou a gerente de Exportação da indústria, Jurema de Melo Andrade. A empresa tem uma linha de mais de 100 produtos no segmento de impermeabilizantes mantas asfálticas, impermeabilizantes, selantes e aditivos para concreto e argamassas.

Ela registrou no ano passado uma alta de 29% na receita líquida, que chegou a R$ 902 milhões. O valor foi 8% maior do que o esperado inicialmente. De acordo com o presidente da empresa, Marcus Bicudo, o resultado foi em função da estabilidade no custo das matérias-primas e aumento das vendas. "Nosso mercado é muito dependente da renda média da população", explicou. A indústria já decidiu por uma nova ampliação da unidade de Itatiba em 2024.

Outros Dados

Nos últimos 12 meses, as exportações da Região Metropolitana de Campinas aumentaram 6,25%, totalizando US$ 5,63 bilhões (R$ 27,07 bilhões). As importações, por sua vez, atingiram US$ 17,06 bilhões (R$ 81,97 bilhões), um crescimento de 2,85%. Isso resultou em um déficit de US$ 11,42 bilhões (R$ 54,91 bilhões) na balança comercial entre julho de 2022 e o mês passado.

Em junho, as exportações da RMC totalizaram US$ 488,14 milhões (R$ 2,34 bilhões), o segundo melhor desempenho para o mês em 10 anos. No entanto, esse valor representou uma queda de 12,07% em comparação com os US$ 555,17 milhões (R$ 2,66 bilhões) de junho de 2022, que foi o melhor resultado da década. Já as importações alcançaram US$ 1,14 bilhão (R$ 5,48 bilhões), uma queda de 30% em comparação com os US$ 1,63 bilhão (R$ 7,83 bilhões) do sexto mês de 2022. Como resultado, a balança comercial registrou um déficit de US$ 658,23 milhões (R$ 3,16 bilhões) no mês passado, um aumento de 39,20% em relação ao mesmo período anterior.

No mês passado, o déficit da balança comercial foi de US$ 658,23 milhões (R$ 3,16 bilhões), apresentando um aumento de 39,20% em relação aos R$ 1,08 milhão anteriores. Paulo Ricardo Oliveira explicou que, além dos problemas estruturais relacionados à dependência das importações de insumos externos, é relevante ressaltar que as estatísticas de volume de comércio, baseadas em valores monetários, podem ser afetadas por impactos inflacionários significativos durante esse período. Ele também destacou que muitos produtos sofreram uma queda de preço de 2022 para 2023, devido à redução dos impactos da pandemia de covid-19 na economia mundial e à guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

Em junho, a participação das exportações da RMC no total do Estado de São Paulo diminuiu de 7,78% no ano anterior para 7,31%. Já nas importações, houve uma redução de 23,78% para 19,82%. Essa queda está relacionada à maior participação de outras regiões na balança comercial paulista, principalmente impulsionada pelos produtos agropecuários.

De acordo com um estudo realizado pelo Sistema de Análise de Dados (Seade), fundação do governo estadual, a participação dos dez principais produtos exportados pelo Estado de São Paulo aumentou de 30% do total em 2012 para 39,4% em 2022. Durante esse período, a participação das commodities (mercadorias primárias de origem agrícola, pecuária, mineral e ambiental) aumentou de 17,2% para 25,7%. Um exemplo é a soja, que não aparecia em 2012 e agora ocupa o quarto lugar no ranking, com uma participação de 4,3%.

Outros destaques são os açúcares, na segunda posição (8,7%), e as carnes desossadas bovinas, em quinto lugar (3,8%). Além disso, a China aumentou sua participação nas exportações paulistas, sendo o principal destino das commodities. O país asiático subiu da terceira para a segunda posição entre os maiores importadores de produtos do estado, com uma participação de 5,6% do total no início da década analisada, atingindo 15,6%. Em 2022, a China foi o maior importador em oito das 16 Regiões Administrativas paulistas, incluindo Ribeirão Preto, Bauru, Barretos, São José do Rio Preto, Araçatuba, Presidente Prudente, Marília e Santos. Na Região Administrativa de Campinas, composta por 90 municípios, os Estados Unidos são o principal destino das exportações.

Plano Nacional

No contexto do plano nacional, o recorde de exportações da RMC ocorre em um momento em que o governo federal deseja aumentar as vendas ao exterior das micro, pequenas e médias empresas. Anteontem, foi publicado o decreto nº 11.593, que institui a Política Nacional de Cultura Exportadora e inclui uma série de medidas, como capacitação e treinamento para empresas interessadas em atividades de exportação, fomento à participação em eventos de promoção comercial e identificação de oportunidades de exportação de produtos e serviços.

De acordo com um estudo da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), menos de 1% das empresas brasileiras realizam exportações, apesar de 15% da força de trabalho brasileira estar concentrada nessas empresas. "Entre 2008 e 2022, a quantidade de pequenos negócios exportadores cresceu três vezes mais do que as médias e grandes empresas exportadoras", afirmou Olavo Henrique Furtado, gerente-executivo do Programa de Qualificação para Exportação (PEIEX) Campinas.

Enquanto as empresas médias e grandes cresceram 24,3% (de 13,3 mil para 16,5 mil), os pequenos negócios exportadores aumentaram em 76,2% (de 6,5 mil para 11,4 mil). Juntas, as micro e pequenas empresas exportaram US$ 3,2 bilhões (R$ 15,38 bilhões) em 2022, o que representou 0,9% do total das vendas externas brasileiras do ano. O PEIEX Campinas é uma parceria entre a Faculdades de Campinas (Facamp) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).

Para o gerente-executivo do projeto, muitas empresas, independentemente de seu porte, têm potencial para exportar, bastando investir seriamente nessa área. Olavo Furtado citou dois exemplos para ilustrar essa situação: uma empresa de produção de açaí, cujas exportações representam 90% de seu faturamento anual de R$ 70 milhões, e outra empresa que fatura R$ 250 milhões, mas não realiza exportações. "Podemos deduzir que há um grande potencial na RMC para iniciativas privadas e políticas públicas de fomento à exportação e com isso aumentar o número de empresas exportadoras", disse.

 

Fonte: https://correio.rac.com.br/campinasermc/exportac-es-na-rmc-batem-recorde-no-primeiro-semestre-1.1395463